Carlos Costa quer defender-se de "acusações distorcidas" - TVI

Carlos Costa quer defender-se de "acusações distorcidas"

  • VC - Atualizada às 13:33
  • 6 mar 2017, 11:46

Governador do Banco de Portugal pediu para ser ouvido pelos deputados, no Parlamento, a propósito do papel do supervisor no período anterior ao colapso do BES, nomeadamente quanto à idoneidade de Ricardo Salgado

Carlos Costa quer defender-se, no Parlamento, das acusações de que tem sido alvo sobre o papel do Banco de Portugal no período que antecedeu o colapso do BES. Para esse efeito, o governador enviou uma carta à presidente da Comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, Teresa Leal Coelho, cujo conteúdo vem citado na edição online do jornal Expresso.

"Há um conjunto de acusações à supervisão que distorcem aquilo que é a realidade do que se passou (...) [as reportagens] tiveram como efeito desacreditar a conduta do Banco de Portugal e o exercício da função de supervisão", afirma Carlos Costa, a propósito de uma reportagem de SIC sobre a alegada falta de importância atribuída pelo supervisor a um alerta de técnicos do próprio Banco de Portugal a recomendar a reavaliação da idoneidade de Ricardo Salgado. Um alerta que ocorreu ainda meses antes de o homem forte do BES ser afastado da liderança.

O governador do Banco de Portugal propõe-se a "esclarecer todos os pontos", "em defesa do BdP e para promover a confiança" na instituição que lidera. 

Segundo a reportagem, o governador ignorou um estudo que o presidente do BPI, Fernando Ulrich, lhe entregou em agosto de 2013, reportando já os graves problemas financeiros do Grupo Espírito Santo, numa altura em que a dívida estava perto dos 6 mil milhões de euros.

A TVI teve acesso a um e-mail interno do BES, que confirma que o supervisor estava informado da grave crise de liquidez e da alarmante corrida aos depósitos, precisamente na altura em que o governador garantia publicamente que o banco estava bem.

O primeiro-ministro segura o governador no cargo, alegando que é "inamovível", mas não diz se mantém a confiança em Carlos Costa, depois deste episódio. O PS diz estar "em reflexão". 

Os parceiros mais à esquerda do Governo no Parlamento, querem que o governador saia de cena. O PCP já pediu a demissão de Carlos Costa e também o Bloco de Esquerda defende que substituí-lo é "essencial para proteger o país", sendo que a coordenadora bloquista, Catarina Martins, voltou hoje a insistir que, “por muitas explicações que o governador do Banco de Portugal queira dar, não tem condições para continuar”.

O governador do Banco de Portugal, por muitas explicações que queira dar, não consegue apagar os seus erros do passado e não tem condições para continuar. Agora, se quiser prestar esclarecimentos, cá estamos para ouvir e perguntar, e seria até interessante que explicasse porque é que não falou de nenhum dos documentos que apareceram na reportagem à comissão parlamentar de inquérito do BES, o que me parece particularmente grave que não tenha feito”.

Já pelo PSD, Passos Coelho disse, no fim de semana, não conhecer qualquer facto que impeça o governador do Banco de Portugal de cumprir o mandato até ao fim. 

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