Covid-19: Centeno apela à responsabilidade da banca e dos intervenientes públicos - TVI

Covid-19: Centeno apela à responsabilidade da banca e dos intervenientes públicos

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  • 17 dez 2020, 13:32

Governador do Banco de Portugal disse também que no quadro da adaptação ao período seguinte à pandemia estão presentes questões como "a assunção de todas as responsabilidades e todos os compromissos que existem em curso"

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, apelou esta quinta-feira à responsabilidade do setor bancário português na sequência da crise e também à de outros intervenientes públicos, vincando esse pedido quando questionado sobre o Novo Banco.

O sistema bancário "deve fazer, neste momento, um esforço de preservação do capital e estar preparado para continuar a ser parte da solução, como aliás foi até aqui", disse Mário Centeno na apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira.

Essa é uma responsabilidade quase que cívica, que recai sobre os seus dirigentes, como decisores económicos que são, da maior importância, aliás. Ninguém compreenderia que colocassem em risco as instituições que dirigem nesta fase", adicionou o governador do banco central.

Mais tarde, em resposta a perguntas dos jornalistas, Mário Centeno voltou a pedir responsabilidade e referiu que, na sequência da pandemia e após a recuperação do sistema financeiro nos últimos anos, "não devemos desafiá-lo de forma a trazer novas dificuldades para esse processo".

Isso requer uma responsabilidade enorme de todos", disse, e após ser questionado sobre a anulação da transferência de 476 milhões de euros do Fundo de Resolução para o Novo Banco, na votação do Orçamento do Estado, Mário Centeno alargou-a a outros protagonistas públicos.

 

Todos os outros intervenientes têm as mesmíssimas responsabilidades, e todos devemos encontrar e ter a capacidade de manter esse processo de recuperação que estava em curso e que queremos que continue", aditou.

Mário Centeno disse também que no quadro da adaptação ao período seguinte à pandemia estão presentes questões como "a assunção de todas as responsabilidades e todos os compromissos que existem em curso".

O Relatório de Estabilidade Financeira de dezembro do Banco de Portugal foi divulgado esta quinta-feira, e identifica seis principais vulnerabilidades e riscos para o sistema financeiro.

Esses são as "reduções abruptas e significativas de valor em ativos financeiros, face a potenciais episódios de volatilidade extrema nos mercados", a "correção em baixa dos preços do imobiliário residencial", ou o "agravamento da dívida das empresas, podendo pressionar a sua solvabilidade".

Foram também identificados como potenciais riscos o "endividamento dos particulares e das Administrações Públicas no médio prazo", o "aumento do nexo entre sistema bancário e setor público, expectativa de aumento dos NPL e perspetivas de rendibilidade baixa no setor bancário" e a "desadequação dos estímulos monetários e orçamentais aos diferentes momentos da crise".

 

Centeno alerta para riscos da retirada de medidas antes do tempo

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, expressou preocupação sobre os efeitos da pandemia na economia nos próximos meses, alertando para a retirada de medidas antes do tempo.

Não podemos de deixar de nos preocupar com efeitos que possam vir a resultar ao longo dos próximos meses. Há um conjunto destas medidas, como as das moratórias, que podem gerar preocupações sobre o surgimento de crédito malparado", disse  Mário Centeno em resposta aos jornalistas.

O governador do BdP alertou especificamente para os efeitos de 'cliff-edge', "no sentido de que há uma interrupção dessas medidas e depois uma dificuldade de adaptação para o período seguinte".

Temos que nos preparar para esses momentos e esperar que o conjunto de decisões a serem tomadas permitam uma acomodação dessas situações", vaticinou Mário Centeno.

O responsável máximo do banco central salientou, no entanto, que "neste momento, em todos os cenários, e inclusive nos cenários de 'stress' que foram sendo desenvolvidos e que estavam já preparados antes da crise pandémica, não existe evidência de que essas situações, sendo acomodadas do ponto de vista das políticas, venham a constituir um problema".

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