A terceira parte desta auditoria que faltava, e à qual a TVI teve acesso, mostra que houve sobrevalorização de ativos e que o BES não fez nenhuma análise de risco da dívida do Grupo Espírito Santo (GES) que vendia aos seus balcões.
"No plano contra-ordenacional, os factos descritos no bloco 3 poderão ainda configurar a prática de infração especialmente grave de gestão ruinosa em detrimento dos depositantes, investidores e demais credores, praticados pelos membros dos órgãos sociais, prevista e punida no artigo 211º, alínea 1) do RGICCF", refere o documento.
No que diz respeito ao papel comercial, a Deloitte descobriu divergências em relação à informação prestada.
A auditoria revela ainda que as contas da ESI foram falseadas, com vista à redução artificial do passivo, mas garantem os auditores que a administração do BES tinha informação suficiente para detetar este problema e não o fez.
O documento seguirá depois para a Procuradoria-Geral da República e pode ler-se que estes atos configuram a prática de “gestão ruinosa em detrimento de depositantes, investidores e credores.”
O Banco de Portugal enviou na segunda-feira à comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES) uma missiva com algumas das conclusões da Deloitte em três blocos: um ligado ao acréscimo do passivo financeiro da ESI, outro sobre o processo de gestão e colocação de séries comerciais de obrigações e ações preferenciais e um terceiro envolvendo a análise ao processo de gestão e colocação de títulos de dívida emitidos pelo GES junto de cliente da Espírito Santo Ativos Financeiros (ESAF), sociedade do grupo.
Anteriormente haviam já sido dadas a conhecer conclusões sobre a exposição do BES ao BES Angola (BESA) - onde se apontava para " gestão ruinosa" - e uma outra parte mais global na qual era dado como certo que a administração do BES liderada por Ricardo Salgado "desobedeceu ao Banco de Portugal 21 vezes, entre dezembro de 2013 e julho de 2014", e "praticou atos dolosos de gestão ruinosa".