Um raio x ao sistema bancário revela que o crédito ao consumo voltou a acelerar no terceiro trimestre deste ano, isto é, de julho a setembro, enquanto a poupança das famílias permaneceu em mínimos, como facilmente atestamos no gráfico seguinte.
Há mais crédito para a compra de automóveis e crédito pessoal para a aquisição de outros bens, sinal de que há um menor aperto nas atuais condições de crédito.
Se nos três meses anteriores, a concessão de crédito sofreu um ligeiro abrandamento foi sobretudo porque os consumidores tentaram fintar o aumento do imposto sobre veículos sentido em abril e concentraram a aquisição de automóveis no início do ano. Mas os dados mais recentes do Banco de Portugal voltam a apontar para novo aumento no período do verão.
Bancos pequenos estimulam crédito
Este relatório vem também mostrar que são os bancos mais pequenos que mais têm contribuído para o novo crédito.
As instituições maiores estão patentes no relatório do supervisor por outras razões: reduzem custos, fecham balcões, e diminuem o número de trabalhadores. Mesmo assim, Portugal fica acima da média europeia, da Grécia ou da Irlanda e só abaixo do caso espanhol.
Com menos funcionários, o supervisor avisa, contudo, que é preciso não comprometer a qualidade nem o controlo interno, enquanto os bancos apostam nas plataformas digitais.
Os riscos, esses, continuam patentes: o agravamento das baixas taxas de juro prejudica a rendibilidade, a forte exposição a economias de países emergentes com desempenho negativo e, claro, a dívida pública nacional que continua a aumentar nas contas dos bancos.