Trabalhadores do Montepio com salários congelados até ao final de 2017 - TVI

Trabalhadores do Montepio com salários congelados até ao final de 2017

Montepio

Acordo alcançado entre sindicatos e o banco garante que não haverá despedimentos coletivos durante esse período, mas processo de reorganização e redução de custos pode levar a rescisões por mútuo acordo nos próximos meses

Os trabalhadores da Caixa Económica Montepio Geral ficarão com os salários congelados até final de 2017, no âmbito do acordo feito com os sindicatos em que o banco se compromete a não fazer despedimentos coletivos durante esse período.

Estas informações foram avançadas à Lusa pelo presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI), Rui Riso, que acrescentou que hoje mesmo o acordo com o Montepio foi aprovado no Conselho Geral da FEBASE (Federação do Setor Financeiro, ligada à UGT) pelo Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas e pelo Sindicato dos Bancários do Centro.

Já o Sindicato dos Bancários do Norte deverá dar 'luz verde' ao acordo laboral esta quinta-feira.

Não vai ser atribuído o aumento salarial que decorre do setor bancário, mas em janeiro de 2018 [o aumento salarial dos trabalhadores do Montepio] fica em linha com o setor”, afirmou Rui Riso, adiantando que, em contrapartida, o banco se comprometeu a não fazer “despedimentos coletivos em 2016 e 2017”.

“A nossa postura foi a de defender os postos de trabalho”, vincou o dirigente sindical.

Já o presidente do Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNQTB) partilhou na página da Internet do sindicato uma mensagem em vídeo a dar conta das conclusões do acordo com a Caixa Económica Montepio Geral.

Conseguimos que o congelamento salarial seja só de dois anos, que o banco não faça um despedimento coletivo, que faça um estudo que vise a equidade salarial, criando uma tabela comum a todas as empresas, e que haja distribuição extraordinária dos resultados pelos trabalhadores se estes forem positivos”, afirmou Paulo Marcos.

O Montepio tem estado nos últimos meses em negociações com os sindicatos sobre o novo Acordo Coletivo de Trabalho do banco, depois de não ter subscrito este ano a revisão do Acordo Coletivo do Setor Bancário, assinado pelos principais bancos que operam em Portugal.

Segundo o presidente do SNQTB, as negociações começaram “de forma inquinada”, já que na mesma altura em que foi iniciado o processo negocial foi conhecido que o Montepio retirou o subsídio de isenção a mais de 400 trabalhadores, que queria fazer cortes salariais, e que pediu ainda o estatuto de empresa em reestruturação para poder “rescindir com ou despedir 200 pessoas”.

Assim, tendo em conta os termos do acordo conseguido entre o Montepio e os sindicatos, Paulo Marcos considerou que um processo de negociação que “começou mal” irá “acabar bem”.

Já Rui Riso, do SBSI, o sindicato mais representativo dos bancários, destacou ainda que este acordo coloca na lei da contratação coletiva benesses laborais que até agora estavam apenas inscritas no normativo interno do Montepio, o que é positivo para os trabalhadores.

Sobre as alterações à idade da reforma, ambos os dirigentes sindicais deram a indicação de que os funcionários do Montepio passarão a seguir as mesmas regras dos restantes trabalhadores que descontam para a Segurança Social.

 

Plano de ação para 2017 aprovado por unanimidade

A assembleia-geral da Caixa Económica Montepio Geral aprovou o plano de ação para 2017, no qual o banco mutualista se propõe melhorar os rácios de capital e liquidez e reduzir custos, disseram à Lusa fontes envolvidas no processo.

A reunião durou mais de quatro horas, entre as 15:00 e as 19:30, e terminou com a aprovação por unanimidade, pelos 23 membros que compõem a assembleia-geral, do plano de ação e orçamento para o próximo ano elaborado pela administração do banco Montepio, liderado por Félix Morgado.

Foi ainda aprovada uma recomendação para que o Conselho Executivo da Caixa Económica Montepio Geral leve em conta nas suas políticas as necessidades da Associação Mutualista Montepio Geral, acionista único da Caixa Económica.

Apesar da unanimidade desta votação, no Grupo Montepio não se vive um momento de consenso quanto ao futuro do grupo, sendo conhecido que o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral e ex-presidente da Caixa Económica Montepio Geral, Tomás Correia, e o atual presidente da Caixa Económica Montepio Geral, Félix Morgado, discordam em vários assuntos.

Quanto ao plano de ação para 2017, segundo os documentos disponibilizados na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o banco irá continuar o processo de reorganização e redução de custos.

Entre os objetivos para o próximo ano estão “assegurar a sustentabilidade e reforçar os níveis de capital e liquidez” e ainda melhorar a eficiência, nomeadamente através da otimização da “rede comercial e serviços centrais” e da redução dos custos com fornecimentos e serviços externos.

A Caixa Económica Montepio Geral é a principal empresa do Grupo Montepio, tendo apresentado até setembro um prejuízo de 67,5 milhões de euros, um resultado que compara com perdas de 59,5 milhões de euros de igual período de 2015.

A assembleia-geral da Caixa Económica é composta pelo Conselho Geral da Associação Mutualista, que integra 23 membros, sendo que 12 são diretamente eleitos pelos associados (atualmente oito membros da lista que foi encabeçada por Tomás Correia nas últimas eleições e quatro das outras listas concorrentes) e 11 por inerência enquanto membros de órgãos sociais (cinco do Conselho de Administração, três do Conselho Fiscal e três da mesa da assembleia-geral).

Entre os presentes hoje na assembleia-geral encontravam-se Tomás Correia e Almeida Serra, contra quem, segundo noticiou hoje o jornal Público, o Banco de Portugal deduziu já acusações por não terem introduzido atempadamente os procedimentos necessários ao controlo interno no banco Montepio de medidas de prevenção do branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo quando eram presidente e administrador da Caixa Económica Montepio Geral.

Após deduzida a acusação, segue-se a fase de defesa, em que os acusados tentarão convencer o supervisor bancário de que não houve erros. Se não o conseguirem fazer haverá lugar a condenações com a aplicação de coimas.

 

Continue a ler esta notícia