Portugal "aguenta três a cinco bancos de grande dimensão" - TVI

Portugal "aguenta três a cinco bancos de grande dimensão"

BBVA (Foto: Nuno Miguel Silva)

Presidente do BBVA Portugal considera que "é normal" que se assista a uma concentração no setor nos próximos anos.

O presidente executivo do BBVA Portugal afirmou esta terça-feira que o mercado português "aguenta três, quatro ou cinco bancos de grande dimensão", considerando que "é normal" que se assista a uma concentração no setor nos próximos anos.

Luís Castro e Almeida falava numa conversa com jornalistas esta terça-feira de manhã na sede do banco, em Lisboa, a propósito dos 25 anos da presença do banco espanhol em Portugal, e quando questionado sobre se Portugal acabará por ficar com quatro ou cinco grandes bancos, respondeu: "Espero que sim".

De acordo com a Lusa, o  presidente recordou depois o Fórum Económico de Davos, onde foram conhecidos dados que apontam para que "um em cada cinco bancos no mundo vão desaparecer nos próximos cinco anos", considerando que "o mercado mudou e está hoje sobredimensionado".

"Pergunta-me se acho que o mercado [português] vai ficar com menos bancos? Sei que sim, é normal que assim seja, são as regras do jogo e do mercado", afirmou Luís Castro e Almeida, salvaguardando, no entanto, estar a referir-se a "bancos sistémicos com grandes quotas de mercado" e que, simultaneamente, "haverá depois outros bancos especializados e de nicho".

O presidente do BBVA Portugal disse mesmo que um país com a dimensão de Portugal não precisa de tantos bancos e deu o exemplo de Espanha.

"Um país como o nosso, com 10 milhões de habitantes e 390 mil empresas, aguenta três, quatro ou cinco bancos de grande dimensão. Neste momento, há 12 bancos universais em Portugal", afirmou, apontando que "em Espanha havia 56 bancos e hoje há 14".

Para Castro e Almeida, o modelo aplicado pela troika aos bancos portugueses foi errado, uma vez que ficou do lado dos bancos a decisão de "requerer ajuda pública", e não na mão do regulador, sublinhando que esse apoio estatal "foi muito caro".

Já sobre os processos de compra de ativos financeiros em curso em Portugal, designadamente do Novo Banco, o líder do BBVA Portugal apenas elencou as condições necessárias para tal.

"O grupo está sempre comprador desde que se verifiquem duas condições: que consiga prever com relativa facilidade o potencial de crescimento desse negócio e que consiga prever com relativa facilidade os custos potenciais desse negócio", afirmou Luís Castro e Almeida, reiterando que "se o que existe em Portugal, Espanha ou França não cumprir estes requisitos", então o BBVA não está interessado.

BBVA Portugal volta aos lucros após três anos de prejuízos 

O presidente do BBVA Portugal disse ainda que o banco regressou aos lucros em 2015, depois de três anos de prejuízos acumulados de 300 milhões de euros, tendo tido resultados líquidos de 2,8 milhões de euros no ano passado, contra os prejuízos de 62 milhões de euros registados em 2014.

A partir de 2014, a estratégia do BBVA Portugal alterou-se e o banco passou a focar-se, não nos "7,5 milhões de portugueses bancarizados", mas em 500 mil a 600 mil destes portugueses e, ao nível das empresas, centrou-se nas "cerca de 7.500 empresas que faturam mais de cinco milhões de euros".

Neste momento, o BBVA Portugal tem 12 balcões tradicionais, seis centros BBVA Consigo, dois centros empresariais e dois centros de banca privada, mas o presidente da instituição não afasta a possibilidade de abrir novos centros.

"Desde 2010, fechamos 85% das agências do banco, não vamos fechar mais e não descarto a possibilidade de abrir novas" agências BBVA Consigo, afirmou Luís Castro e Almeida, que disse ainda que estes centros serão abertos "onde houver clientes BBVA Consigo que justifiquem a abertura de uma agência".

No ano passado, o banco emprestou às empresas 1.000 milhões de euros e, este ano, a avaliar pelo desempenho do primeiro trimestre, "está a emprestar ao mesmo ritmo", mas gostaria que este ritmo "fosse maior".

Isto porque "nenhum empresário toma decisões de investimento num contexto de taxas de juro negativas, porque sabe que isto é uma situação anormal e que vai mudar, mas não sabe quando nem em quanto e, portanto, adia essas decisões", defendeu.

Castro e Almeida acrescentou que as taxas de juro negativas acabam por "ter maior impacto e mais prolongado" do que a instabilidade política ou uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia - o chamado "Brexit".

 

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