Nuno Amado: «Há um défice na procura de crédito» - TVI

Nuno Amado: «Há um défice na procura de crédito»

Presidente do BCP diz que essa razão explica a falta de investimento

O presidente da Comissão Executiva do Millennium BCP disse esta quinta-feira que a «principal razão» da falta de investimento em Portugal é o «défice de procura» de crédito pelas empresas e que cabe ao Estado «incentivar» essa procura.

Em Braga, à margem das Jornadas Millennium Empresas, confrontado com as declarações de Pedro Passos Coelho sobre a falta de crédito à economia por parte da banca, Nuno Amado defendeu que o «esforço» do país deve ser feito do «lado da procura» e não da oferta.

«A principal razão porque há menor investimento tem a ver com a incerteza e o défice de procura e não tanto com as incapacidades ou impossibilidades de financiar os investimentos», disse, citado pela Lusa.

Até porque, apontou, "o Instituto Nacional de Estatística, nos inquéritos ao investimento, observa que 63% dos empresários dizem que o problema maior de investimento é uma redução da procura, de perspetivas de vendas".

Perspetivas estas que, completou, «são aquelas que mais condicionam as decisões dos empresários» embora o INE aponte também a existência de «restrições financeiras, mas contam apenas como 9%».

Questionado sobre as declarações do primeiro-ministro, que à saída do Conselho Nacional do PSD afirmou que uma parte da recessão está a ser causada de forma desnecessária pela falta de crédito à economia, Nuno Amado discordou.

«Neste momento o problema não está na oferta de crédito, está na procura do crédito. É ai que eu colocaria 70 ou 80% do esforço do país», aconselhou.

Alias, disse, «obviamente que cabe ao Estado fazer isso [incentivar a procura do crédito]» que, disse, «é uma das linhas de atuação mais essenciais do Estado».

Para a banca, defendeu, conceder crédito é até «essencial».

«É do nosso próprio interesse proceder a uma concessão de crédito. Mas é muito diferente conceder crédito e dar crédito. Quando se dá crédito é para 'não cobrar'. É o pior que um banco pode fazer», explicou.
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