«A informação pública era, naturalmente, do meu conhecimento» e havia «outra informação que podia aferir dos riscos que poderiam existir para o banco decorrentes da exposição ao grupo. E, sim, confiei na informação que o Banco de Portugal me dava. É ao BdP que incumbe essa responsabilidade»
Depois de dispensar intervenção inicial, nesta que é a última audição da comissão parlamentar, Maria Luís Albuquerque respondia a Miguel Tiago. O deputado do PCP tinha questionado a ministra sobre se «confiava sem pedir fundamentação». A governante respondeu:
«A informação que fui sempre tendo do Banco de Portugal era que as medidas que iam sendo adotadas (...) não implicariam risco para a estabilidade financeira. As reuniões que tinha e mantenho muito frequentemente com o Governador do BdP e também por escrito, para registar toda a informação que vinha sendo transmitida»
Maria Luís Albuquerque considera que a medida de resolução foi a melhor solução, dadas as circunstâncias:
«Eu realçaria que a estabilidade do sistema financeiro foi preservada. E isso é fundamental. Já passaram sete meses e o sistema financeiro permanece com estabilidade»
«Nem sequer posso verdadeiramente dizer que lamento que o Banco de Portugal tenha tido pouco tempo para decidir. Acho, e tenho convicção genuína, que esta solução é a melhor».
«Se tivéssemos tido mais tempo, provavelmente o Banco de Portugal decidiria o mesmo, porque é o melhor»
Sobre as declarações de Ricardo Salgado, que disse que o seu banco foi forçado a desaparecer e que o que precisava era, precisamente, de mais tempo, a governante respondeu à letra: «Tempo é dinheiro e isso não haveria no BES».
Quanto ao reembolso do papel comercial do Grupo Espírito Santo vendido aos balcões do BES, a ministra considera «lamentável se as pessoas foram induzidas em erro» e admite mesmo que houve quem tivesse sido «enganado», mas descartou que o Governo entre em cena para resolver a situação.
A ministra revelou, por outro lado, que foram movidos vários processos contra o Estado e contra os supervisores, no âmbito do caso BES.
Quanto à venda do Novo Banco, admitiu: «Não podemos garantir que não haverá custos».