Ricardo Salgado: é «muito difícil» saber se a «dívida é sustentável» - TVI

Ricardo Salgado: é «muito difícil» saber se a «dívida é sustentável»

Ricardo Salgado (Lusa/Mário Cruz)

Presidente do BES admite que poderá haver uma reestruturação da mesma

O presidente do BES, Ricardo Salgado, considera ser «muito difícil» saber se a «dívida portuguesa é sustentável» e se é possível evitar a reestruturação da mesma, defendendo a revisão dos juros que estão a ser pagos.

Ricardo Salgado, que discursou hoje no último painel da «Grande Conferência JN», de comemoração dos 125 anos do diário nortenho, considerou «muito difícil» responder «à grande questão»: «Será que a dívida portuguesa é sustentável e vamos poder viver sem uma reestruturação da dívida?».

«Mas esta é a grande questão que vai ter que ser respondida. E aqui há o problema dos juros, que quanto a mim poderia ser revisto, uma vez que as taxas de juro estão em queda e que a Europa deveria ter em consideração essa realidade», defendeu.

Para o presidente do BES, a questão de descer o imposto IRC é crucial, explicando que «houve uma primeira amostra, mas que esta amostra não revela uma política fiscal consistente» já que é para seis meses e que «os empresários não podem decidir investimento num prazo tão curto».

«Não é possível atrair investimento privado português ou externo se a nossa taxa de IRC continuar a ser 50% acima da média europeia. É uma brutalidade e é fundamental ajudar os empresários a animarem-se e a fazerem investimentos», sublinhou.

Na opinião do banqueiro, «o progresso do programa de ajustamento tem contribuído para melhorar as condições financeiras e para a recuperação do acesso aos mercados da dívida a longo prazo».

«A realidade é que os anglo-saxónicos não querem acreditar no euro e nós provavelmente demos razões para isso», observou.

Destacando que «2013 é uma aposta dificílima de atingir», Ricardo Salgado sublinhou que, «apesar das dificuldades, a despesa primária foi reduzida em cerca de 11 biliões de euros em 2011 e 2012 e que o défice estrutural primário foi reduzido em 6,2 pontos percentuais do PIB».

O presidente do BES alertou ainda para «o desastre» da taxa de desemprego em Portugal, considerando mesmo «terrível» este índice em relação aos jovens, e afirmando ser «preciso que haja mais iniciativa para reabsorver o desemprego».

Para Ricardo Salgado, «é fundamental» ajudar a capitalizar as Pequenas e Médias Empresas (PME), destacando as exportadoras.

«Portugal cumpriu com o objetivo para o défice do primeiro trimestre de 2013, mas agora tem que tomar medidas adicionais. Eu não vou entrar aqui na bondade ou não das medidas que foram tomadas, mas há uma repartição dessas despesas ou desse corte de despesas em todos os ministérios, e das rescisões, e da harmonização da reforma das tabelas salariais, por 2014 e 2015 e espero que consigam fazer o melhor que sabem e podem», concluiu.
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