«Salgado aprovou uma série de operações ilegitimamente» - TVI

«Salgado aprovou uma série de operações ilegitimamente»

António Souto [LUSA]

Ex-administrador do BES António Souto refere-se às margin calls e às cartas de conforto passadas à Venezuela

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O antigo administrador do BES António Souto disse esta terça-feira que Ricardo Salgado pôs em prática várias operações sem o consentimento dos órgãos competentes do banco. Souto não usou meias palavra para classificar esse comportamento.

«Houve uma série de operações que foram ilegitimamente aprovadas pelo Dr. Ricardo»

Ilegítimas, porque «não foram ao conselho de crédito nem à comissão executiva». O ex-dono disto tudo,como é conhecido, «tomou a responsabilidade pessoal de as executar».

António Souto refere-se às chamadas operações de margin calls para a Nomura, no valor de 120 milhões de euros. As margin calls obrigam os bancos a prestar mais colaterais, incluindo nas operações de financiamento activas, para o mesmo valor de empréstimo pedido, ou a compensar a diferença em dinheiro.

«Penso que ele [Salgado] até já explicou que era para evitar um mal maior, um crash»


Outras operações reprováveis foram as cartas de conforto passadas pelo BES à petrolífera venezuelana PDVSA e que resultaram em elevadas imparidades ao banco no primeiro semestre de 2014. Depois disso, já se sabe, foi o fim.  

«Há juristas que consideram que são cartas de garantia e outros que consideram que são cartas de conforto. De qualquer forma, as duas são ilegítimas. Não podiam ter sido emitidas sem a aprovação dos órgãos do banco»


Logo no início da sua audição, António Souto confirmou também a recompra de obrigações, com prejuízo, aos clientes do BES que tinham investido em papel comercial da ESI e da RioForte. Uma operação feita «à margem» pela Espírito Santo Financial Group (ESFG), de quem Ricardo Salgado era presidente não executivo.

Sobre o que devia e não devia ter sido feito no grupo e no banco, sintetizou: «Primeiro, não se devia ter adulterado as contas. Depois, deviam ter sido informados os administradores do banco que o problema existia na ESI, da parte de quem eram os responsáveis do banco. Não se devia ter vendido papel comercial, como era evidente, e devia ter-se tentado fazer a gestão de conflitos de interesse de outra maneira».

Sobre este último produto, António Souto confessou que ficou «perplexo e preocupadíssimo», mesmo «aterrorizado». «Não tinha a mínima noção de que havia aquele valor de papel comercial distribuído  aos balcões em tão pouco tempo», conta, revelando que teve uma conversa ao telefone com José Manuel Espírito Santo Silva, na qual manifestou esse sentimento.

Teve, também, «uma conversa» com Ricardo Salgado que,  o «tranquilizou», dizendo «que estavam a ser tomadas todas as medidas para resolver o problema que tinha sido desagradável».
 
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