A operação «foi decidida e negociada pelos meus superiores hierárquicos, Ricardo Salgado e Morais Pires, com a PT. A mim foram-me comunicados os montantes, os prazos e as taxas, por Morais Pires. Não sei de quem ele obteve essa informação»
A ex-responsável do BES, onde esteve 18 anos, garantiu aos deputados que o departamento financeiro por si liderado apenas recebeu instruções da PT, «nem sequer diretamente, mas através do gestor comercial da área comercial» respetiva. E, no âmbito dessa operação, nem tudo bateu certo:
A PT acabou por perder esse dinheiro, com a derrocada do Grupo Espírito Santo, em julho de 2014. Isabel Almeida garante que o departamento financeiro não teve qualquer papel na negociação do processo de dívida do GES, em particular a aplicação da PT na Rioforte.«Havia uma diferença entre as instruções que a PT enviou para a subscrição desse papel comercial e a informação que me tinha sido transmitida por Morais Pires. A PT falava num prazo de três meses mas a informação de Morais Pires é que seria uma aplicação a um ano».
A ex-diretora do BES não sabe quem da PT negociou com Salgado e Morais Pires, mas assegura que foi uma operação realizada «ao mais alto nível».
Logo na sua intervenção inicial, Isabel Almeida foi clara na demarcação que quis fazer do ex-CFO do BES, ao dizer por diversas vezes que tudo passava por e le . A relação que tinha com ele era estritamente profissional, sublinhou, tendo ficado «surpreendida» por integrar a sua lista de Morais Pires para a administração do BES que iria suceder a Ricardo Salgado, mas que acabou por não ter o aval do Banco de Portugal.
De resto, a ex-diretora do BES disse que tanto o ex-presidente como o ex-administrador financeiro recusaram explicar o esquema das obrigações à nova administração, na altura, de Vítor Bento.
Descrevendo-se como uma mera «subordinada», Isabel Almeida confessou que, tal como outros investidores, ficou sem nada do que tinha investido no BES: «Perdi tudo» .