"Uma desgraça", diz Salgado sobre a venda do Novo Banco - TVI

"Uma desgraça", diz Salgado sobre a venda do Novo Banco

Antigo presidente do BES e líder do Grupo Espírito Santo duvida da competência do Lone Star para ficar com o banco, dispara críticas contra a "insensibilidade" da Comissão Europeia e também contra o Banco de Portugal e o anterior Governo

O negócio está fechado e Ricardo Salgado, que já foi líder do Banco Espírito Santo, não tem voto na matéria. Mas tem opinião sobre a venda de 75% do Novo Banco, a instituição que nasceu das cinzas do BES, ao fundo norte-americano Lone Star: "Uma desgraça". 

Foi uma desgraça. O banco foi entregue gratuitamente a uma instituição que desconheço, mas que não tem, certamente, cultura para o desenvolvimento e a manutenção das operações às pequenas e médias empresas portuguesas. É um mercado muito particular".

Para o ex-banqueiro, o BES foi "destruído" e a culpa é do supervisor e do anterior Governo de Passos Coelho. Atribui ainda à Comissão Europeia a venda ao desbarato do banco.

"Bruxelas não tem a mais pequena sensibilidade para as necessidades Bancárias em Portugal", atirou. Antes, os seus alvos foram internos.

Aquilo que estou a trabalhar para comprovar é que [o banco] foi destruído pelo Banco de Portugal e pelo governo anterior. Não quero com isto dizer que não foram cometidos erros de julgamento durante o período da gestão, mas atravessámos uma crise terrível".

 

Um mea culpa muito en passant do ex-líder do BES, que justifica os problemas no banco com a crise financeira que assolou Portugal nos tempos da troika.

"Sobrinho e Bataglia estão multimilionários"

À saída do Tribunal Judicial da Comarca de Santarém, Ricardo Salgado indicou que foi referida, lá dentro, a "fuga monumental de depósitos", que não foram identificados "porque a maioria vinha do BES que foram transferidos para offshore, salvo erro". A esse propósito, disse aos jornalistas que "boa parte dos depósitos" que saíram das contas do banco eram de clientes do banco e de outros de bancos e empresas internacionais.

Também em relação a isto, Salgado não tem dúvidas em quem atribuir culpas: Álvaro Sobrinho e Helder Bataglia. Em relação ao primeiro, ex-presidente do BES Angola, Salgado disse que é para si "evidente" que quando saiu de Portugal para ir liderar o BESA era "um gestor modesto", sem grande património.

O banco foi arruinado com a colaboração do senhor Helder Bataglia. O que acontece é que, segundo a imprensa diz, estão ambos multimilionário e o grupo foi destruído".

Ontem, a Suíça bloqueou 150 milhões de euros ligados ao BES. Há pessoas suspeitas de lavagem de dinheiro no contexto do desmantelamento do banco.

Recorde-se que a Procuradoria-Geral da República abriu, há precisamente um mês, inquérito à revelação dos depoimentos de Salgado e do empresário luso-angolano Bataglia, no âmbito da operação Marquês.

Surge esse inquérito depois de a revista Sábado ter noticiado que Helder Bataglia revelou, no interrogatório do Ministério Público, que Ricardo Salgado lhe pediu para utilizar as suas contas para fazer chegar discretamente dinheiro a Carlos Santos Silva, amigo de longa data de Sócrates e arguido no mesmo processo.

Confrontado com o depoimento de Bataglia, Salgado negou tudo, disse que mal conhecia Carlos Santos Silva e que nunca foi íntimo de Sócrates, adianta a mesma revista.

A Visão escreveu, por sua vez, que Ricardo Salgado teve de explicar ao MP porque foi “desviado” dinheiro do GES para uma offshore em seu nome; porque deu milhões de euros aos arguidos Zeinal Bava e Henrique Granadeiro e ainda porque 1,2 milhões de euros acabaram nas mãos de Dirceu, ex-braço direito de Lula da Silva, ex-Presidente do Brasil.

É de lembrar, também, que Helder Bataglia é arguido no processo Monte Branco.

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