Faro: Ryanair convocou funcionários para falar de"atrasos" do Boeing 737 Max e "excedente" de tripulantes - TVI

Faro: Ryanair convocou funcionários para falar de"atrasos" do Boeing 737 Max e "excedente" de tripulantes

  • BC
  • 7 ago 2019, 12:23

Na reunião, companhia irlandesa acabaria por anunciar o encerramento da base Faro em janeiro de 2020 e o despedimento de 100 trabalhadores

Na convocatória aos funcionários para a reunião em que foram anunciados 100 despedimentos e o encerramento da base aérea de Faro, o departamento de Recursos Humanos da Ryanair informou que seriam debatidos os "atrasos" na entrega dos aviões Boeing 737 Max e o "excedente" de assistentes de bordo. 

No documento, a que a TVI teve acesso, os funcionários da base de Faro da Ryanair são informados de que, além de Lorna Reynolds, diretora de Recursos Humanos, estaria também presente na reunião Elaine Griffin, responsável regional da companhia. 

Vamos informar-vos sobre atualizações importantes na companhia como resultado dos atrasos dos aviões Max e excedente de assistentes de bordo", lê-se na convocatória aos trabalhadores, que são "incentivados" a comparecer na reunião.

No passado mês de julho, a Ryanair informou que iria transportar menos cinco milhões de passageiros do que o planeado no próximo ano, atribuindo a situação aos atrasos na entrega dos aviões Boeing 737 Max, e avisou que, em consequência, poderia ter de despedir funcionários e encerrar bases aéreas. 

Os 737 Max continuam sem poder voar depois de dois acidentes com aviões na Indonésia e na Etiópia, que mataram um total de 346 pessoas. 

Na terça-feira, a Ryanair comunicou, em Faro, que vai encerrar a base naquele aeroporto em janeiro de 2020 e despedir cerca de 100 trabalhadores, embora mantenha os voos, revelou à Lusa a presidente do sindicato dos tripulantes.

Na segunda-feira, Michael O'Leary informou que o lucro da transportadora aérea caiu 21% no primeiro semestre do exercício fiscal, para 243 milhões de euros, face a idêntico período do ano fiscal anterior.

Fecho da base da Ryanair é "má notícia para o Algarve"

 O possível encerramento da base da companhia aérea Ryanair no aeroporto de Faro é uma “muito má notícia” para o Algarve e uma fonte de “preocupação” para o turismo na região, considerou hoje a principal associação hoteleira algarvia. O presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, disse à agência Lusa que as notícias que dão conta da intenção da companhia aérea irlandesa de fechar a base em Faro, podendo levar ao desemprego cerca de uma centena de trabalhadores, deve também levar as autoridades a serem “mais cautelosas” na atribuição de apoios para a fixação destas empresas na região.

Vimos isto com preocupação, caso a notícia se venha a confirmar. O fim da base da Ryanair em Faro significa que, mais tarde ou mais cedo, apesar de a companhia continuar a afirmar que isso não afetará o número de voos [para Faro], na nossa perspetiva é óbvio que o número de voos , mais tarde ou mais cedo, será menor”, afirmou o dirigente da associação empresarial hoteleira.

Elidérico Viegas acredita que, “havendo menos voos, haverá menos turistas e menos passageiros” no Algarve e esta perspetiva é vista “com alguma preocupação, independentemente de, passado algum tempo, como acontece com estas situações, os passageiros acabarem por se diluir por outras companhias aéreas”.

“Mas é uma muito má notícia para o Algarve”, frisou.

Elidérico Viegas alertou ainda para a necessidade de haver uma maior garantia de contrapartidas por parte destas empresas quando beneficiam de apoios para a sua fixação no Algarve e, neste caso, no aeroporto de Faro.

“Uma vez que foram atribuídos subsídios e apoios financeiros para que a Ryanair criasse essa base em faro, para além de outros apoios que houve ao longo dos anos à Ryanair para trazer passageiros para Faro, este tipo de situações vem chamar a atenção para sermos mais cautelosos na forma como fazemos estas negociações e estes acordos, porque é preciso salvaguardar alguns interesses que, porventura, não terão sido suficientemente acautelados”, argumentou o dirigente associativo.

Elidérico Viegas reconheceu que “a generalidade dos destinos concorrentes do Algarve também apoiam companhias aéreas” e a região “não é a única a fazê-lo, e bem”, mas advertiu que se deve “sempre acautelar alguma contrapartidas quando se estabelecem acordos desta natureza” com as empresas de aviação.

É preciso dizer que a Ryanair é maior companhia aérea a operar para Faro, tem um share de quase 30% do total e não é uma companhia qualquer. É uma companhia muito importante, digamos decisiva, determinante e estratégica, porque é o maior fornecedor de passageiros ao aeroporto e de turistas ao Algarve”, sinalizou ainda.

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