Em sete dias, Trump levou mercados à euforia. "Great"? - TVI

Em sete dias, Trump levou mercados à euforia. "Great"?

Dow Jones

Investidores estão a gostar do novo presidente dos Estados Unidos, a julgar pelos primeiros dias de poder. Medidas são polémicas, mas há uma explicação para o facto de as bolsas estarem em escalada. Resta saber por quanto tempo

Nos mercados acionistas, já se sabe, são os números que contam e estes espelham bem como estão os investidores a viver a nova e recém-inaugurada era Trump: em Wall Street, o índice industrial Dow Jones superou os 20.000 pontos.

Dias antes, já havia chapéus nas cabeças dos traders a anunciar que isso iria acontecer. Isso por si só diz tudo. É um recorde. E os recordes, nas bolsas, são sinónimo de uma coisa: excitação, otimismo, o que lhe quisermos chamar. Basta sentir o humor do próprio presidente: 

 

 

Evolução do índice industrial Dow Jones desde a tomada de posse de Donald Trump

Se social e politicamente, muitas das medidas do novo presidente dos Estados Unidos causam controvérsia e contestação, os investidores agarram-se a outras coisas. Afinal de contas, a língua que se fala é a do dinheiro, a do ganhar mais, no matter what.

Para as empresas cotadas em Wall Street, é música para os ouvidos Trump falar e mandar concretizar medidas protecionistas. Sinal de que os investimentos terão por base adjudicações dentro de fronteiras. À luz da promessa "A América primeiro", a premissa é: "comprar americano, contratar americano". Para o muro já decretado na divisão com o México, por exemplo.

Wall Street está a apostar claramente que os planos do novo homem mais poderoso do mundo darão gás à economia americana. Como a baixa de impostos, o aumento de despesas com infraestruturas e a menor regulação. Os máximos alcançados em Novembro, depois da eleição, foram o início do trampolim.

Quem investe, está já a imaginar o PIB a crescer mais rápido. Se isso acontecer, e sem perturbações no comércio mundial, os lucros das empresas podem ser maiores. Vai-se, desde logo, medindo o pulso às ações. 

Também do lado europeu, o dia 25 de janeiro foi de máximos de um ano nas bolsas, contagiadas pelo otimismo de Wall Street. Lisboa por acaso até cedeu 0,07%. Portugal teve, de resto, uma semana de pressão assinalável no mercado da dívida, com os juros a disparar para cima dos 4%. Precisamente com o receio de que o BCE aproveite a boleia dos EUA na retirada de estímulos à economia mais rápido do que o previsto.

A herança Obama

Uma coisa Donald Trump não pode fazer: chamar a si e só a si os louros dos recordes, esses já sim, efetivos. O salto verificado nos índices norte-americanos e na economia, no geral, vêm em grande parte da herança de Obama.

O emprego serve de barómetro: recorde de 75 meses seguidos, com uma taxa de desemprego perto do valor mais baixo dos últimos 10 anos.

Nas bolsas, é preciso olhar para a evolução dos últimos anos. Em março de 2009 o mesmo Dow Jones caiu para um mínimo de 6.440 pontos, numa altura em que se temia o colapso do sistema financeiro norte-americano. De lá para cá, a recuperação económica, com a ajuda dos estímulos do banco central dos EUA, fizeram-se ouvir e ajudaram também a esta subida dos mercados.

Ao mesmo tempo, é também verdade que muitos receavam um crash com Trump a bater Hillary nas eleições. E não está, de todo, a acontecer. Segundo a CNN Money, o indicador de volatilidade nos mercados está até no nível mais baixo desde julho de 2014.

Play - pause - stop?

No meio da euforia, há várias incógnitas. Trump já rasgou o acordo Transpacífico, declarou formalmente a intenção de renegociar os termos do acordo comercial com o México e o Canadá (NAFTA) ou até mesmo dele se retirar. A retórica anti-comércio, se for concretizada de forma desmesurada e puser em causa a globalização, poderá encontrar um volte-face nos mercados.

"Precisamos de fronteiras abertas, de comércio aberto e de fluxo aberto de capital, e se começarmos a descer por esta estrada de desglobalização, esse mercado vai perder rapidamente suas bases eufóricas", nota Joe Quinlan, estratega-chefe de mercado da US Trust, citada pela CNN.

Ainda ontem, quinta-feira, o Dow Jones fechou a subir apenas uns ligeiros 0,16%, o tecnológico Nasdaq 0,11% e o S&P 500 até corrigiu, descendo 0,07%.

Os investidores ainda querem mais detalhes sobre o calendário das medidas de Trump e aferir a eficácia dos planos de estímulo lançados pela nova administração.

"Escalámos este pico. Vamos desfrutar desta visão por um tempo e apertar o botão de pausa", antecipa a mesma estratega. Trump ainda agora começou e parece estar imparável.

 

 

 

 

 

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