As duas principais economias europeias estão preocupadas com a crise política em Itália, mas se França rejeita comparações com o Brexit e relativiza o que está a acontecer, a Alemanha mostra-se mais "inquieta" com as potenciais consequências.
O governador do Banco de França, François Villeroy de Galhau, disse que o referendo que rejeitou a reforma constitucional em Itália “não se pode comparar” à decisão dos britânicos de sair da União Europeia.
"Em 2016, o mundo em geral e a Europa em particular, conheceram um período de fortes incertezas: as incertezas ligadas à nossa segurança, com a ameaça de ataques terroristas; as incertezas políticas com o ‘brexit’ e, mais recentemente, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos”, começou por dizer, a partir de Tóquio.
O referendo em Itália pode ser considerado como outra fonte de incerteza. No entanto, não pode ser comparado ao referendo britânico: os italianos foram chamados às urnas para se pronunciarem sobre um assunto constitucional interno, e não sobre a permanência de longa data da Itália na UE”.
Villeroy de Galhau ficará “atento às repercussões” do voto que fez cair o chefe do Governo italiano, Matteo Renzi.
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, manifestou por sua vez “inquietude” com a crise política italiana.
Encaramos os resultados em Itália com preocupação. Penso que Renzi fez o que era necessário fazer mas os eleitores não o apoiaram”.
Nos mercados, os primeiros a servir de barómetro para ondas de choque, os resultados do referendo italiano e consequente demissão de Matteo Renzi foram olhados com pessimismo, com os juros da dívida a disparar e as bolsas a abrir no vermelho. Mas foi só a primeira reação, uma vez que rapidamente passaram para o lado dos ganhos. Ainda a digerir o que se passou, os mercados tremeram, mas pouco.