A palavra de ordem, em Bruxelas, é desdramatizar o resultado do referendo em Itália e a demissão do primeiro-ministro, Matteo Renzi. O comissário europeu para os Assuntos Económicos destaca que o referendo reflete apenas questões de política interna italiana.
""Foi um referendo sobre a Constituição italiana. O Sr. Renzi decidiu demitir-se, mas quero dizer que ele foi um importante e bom primeiro-ministro que fez reformas importantes no seu país", fez questão de frisar Pierre Moscovici, respondendo aos jornalistas sobre a crise política que rebentou agora em Itália.
Estou muito confiante na capacidade da Zona Euro em resistir a todos os choques. Não precisamos de menos zona euro, precisamos de mais e melhor. E estou convencido de que vamos consegui-lo nos próximos meses".
Na mesma linha, o presidente do Eurogrupo sublinhou que o resultado do referendo não altera a situação económica de Itália, que é, de resto, das principais economias da zona euro.
Claro que cabe agora ao presidente italiano tomar decisões sobre o processo democrático, pois é disso mesmo que se trata, um processo democrático, que não altera a situação económica em Itália ou nos bancos italianos. Os problemas que temos hoje são os mesmos que tínhamos ontem”.
O presidente do Eurogrupo insistiu que o resultado do referendo "é uma decisão política sobre uma reforma em particular, uma reforma constitucional”, que não altera o quadro económico atual do país, e observou que a prova disso mesmo é que “até agora os mercados reagiram de forma bastante tranquila”.
Jeroen Dijsselbloem falava à entrada para uma reunião de ministros das Finanças da zona euro, na qual já não participa o ministro italiano, Pier Carlo Padoan, em função da demissão do Governo de Renzi.
O ministro das finanças francês, Michel Sapin, garantiu que este resultado em nada afeta o papel de Itália na Europa. "Evidentemente este referendo não é sobre a Europa, nem sobre a política europeia ou sobre o papel de Itália na Europa. Itália é um país profundamente europeu".
Em Portugal, também o Presidente da República seguiu o discurso destas instâncias europeias, desdramatizando a questão. Já o líder da oposição, Passos Coelho, teme uma "crise mais grave" do que as anteriores.
Estas declarações da Comissão e do Eurogrupo contrastam com a de um membro do Conselho de Governadores do BCE que hoje avisou que Itália pode ter de resgatar alguns bancos. Ora, o setor financeiro italiano afundou em bolsa com a incerteza gerada pós-referendo e está a ter, este ano, o pior desempenho no mundo.
Também a Alemanha acusa "inquietude" com a situação em Itália.