CGD não disponibilizou quatro dos 25 créditos mais problemáticos à auditora - TVI

CGD não disponibilizou quatro dos 25 créditos mais problemáticos à auditora

  • BM
  • 26 mar 2019, 19:50
Caixa Geral de Depósitos

Para a deputada do CDS Cecília Meireles, "o facto de [o contrato] não ter sido disponibilizado é um indício bastante forte de que ele não existe"

A auditora EY admitiu esta terça-feira no parlamento que não lhe foi disponibilizada documentação relativa a contratos de quatro dos 25 créditos mais problemáticos identificados na auditoria que realizou à Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Quando questionada pela deputada do CDS Cecília Meireles, na comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco público, sobre em quantos casos dos 25 mais problemáticos não foi disponibilizada a informação à auditora, Florbela Lima, 'partner' da EY, respondeu "três".

Para além daqueles que já identificou, em que existem documentos mas que estão no Ministério Público...", relembrou Cecília Meireles, ao que a responsável da EY acrescentou: "Com esses, são quatro".

Estes quarto créditos problemáticos fazem parte de um total de 60 cuja informação não foi disponibilizada à EY.

Alguma informação tem que haver para se saber que existem devedores. O que pergunto é se há contratos assinados ou não há contratos assinados?", questionou a deputada do CDS.

 

Relativamente a contratos, pareceres, despachos, no fundo a informação mínima crítica considerada por nós relevante para fazer a análise (...), ela não nos foi disponibilizada", referiu Florbela Lima.

Cecília Meireles apelou a Florbela Lima para que percebesse a "estranheza", uma vez que sem contratos, "no limite, esta pessoa pode nem ser devedora. Se a Caixa não tem nenhuma prova de que a pessoa recebeu aquele dinheiro", que "aparece como tendo saído da Caixa mas não há nenhum suporte jurídico dele ter saído ou daquela pessoa ser devedora".

Eu não estou a dizer que não existe contrato, estou a dizer que o contrato não nos foi disponibilizado", ressalvou a responsável da auditora EY.

Florbela Lima referiu ainda que a documentação trazida da Caixa foi a "original, à data", e que "a informação não estava lá", perante uma pergunta da deputada centrista sobre se o banco público não mantinha a informação noutro suporte.

Independentemente de o Ministério Público precisar desta informação, eu presumo que a Caixa continue a tentar recuperar os créditos. Como é que o pode fazer sem suporte documental?", ressalvou Cecília Meireles.

 

Essa informação não estava disponível na Caixa Geral de Depósitos e não nos foi disponibilizada", insistiu a 'partner' da EY, incluindo, "em particular", a que estava no Ministério Público.

Para Cecília Meireles, "o facto de [o contrato] não ter sido disponibilizado é um indício bastante forte de que ele não existe".

Ex-presidentes escolheram quem quiseram para reuniões com EY

A 'partner' da EY Florbela Lima disse que nas reuniões que a auditora teve com os ex-presidentes da Caixa Geral de Depósitos (CGD) estes puderam trazer quem entenderam relevante.

O nosso procedimento foi chamar os vários presidentes do Conselho de Administração (CA) e dar-lhes a possibilidade de convidar os membros das várias administrações que entenderam relevante trazerem e reunimo-nos as vezes que eles entenderam", esclareceu a responsável da EY durante a audição na comissão parlamentar de inquérito à CGD.

Florbela Lima acrescentou ainda que a decisão de quem esteve presente nas reuniões não foi da auditora, mas sim de cada antigo presidente.

Considerámos que o presidente do Conselho de Administração tinha autonomia e poder para responder pelas dúvidas e pelas conclusões que nós estávamos a retirar face ao seu mandato", justificou.

Quando questionada se a EY se reuniu com Armando Vara, que fazia parte da equipa de Carlos Santos Ferreira (presidente entre 2005 e 2008), a responsável negou, uma vez que o então presidente "não o quis trazer".

Tivemos alguns presidentes do CA que vieram sozinhos e que só quiseram ter uma reunião, e tivemos presidentes com quem tivemos mais do que uma reunião e que trouxeram vários membros", assinalou.

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