António Domingues reconhece que impôs duas condições para aceitar liderar a Caixa Geral de Depósitos: não ter ajudas de Estado na capitalização e excluir a Caixa do estatuto de gestor público e, por essa via, não ter de entregar as declarações dos rendimentos e património no Tribunal Constitucional.
Gostava de dizer claramente: entendo que modelo de governo da Caixa deve ser de um número de não executivos relevante e não acredito que consiga atrair profissionais e pessoas que patrimónios sejam publicados em tablóides. Já a declaração de rendimentos quando se trabalha num banco quem quiser vê-los pode ver. O património é da esfera pessoal".
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Discordando das regras que vigoram em Portugal, onde se decidiu "que declarações de patrimónios e rendimentos de cargos políticos e públicos têm este figurino", diz que "isso para mim era uma condição para poder formar equipa".
Se me dissessem que não eu ia à minha vida. Tenho o direito de decidir em função dos meus interesse. Achava que para a Caixa era mais útil que se aproximase dos outros bancos".
Garantiu que essas "condições" foram "postas à cabeça", a 20 de março.
Deu também conta que entregou a declaração de renimentos já depois de ter apresentado a demissão. "Fi-lo para defender o meu bom nome" e só depois de pedir autorização "a todos" os colegas que não quiseram entregar. Continua a entender que não tinha obrigação de a entregar.
De resto, "não aceitaria ir para a CGD se capitalização fosse feita com ajudas de Estado" e isso foi assegurado com acordo do BCE. O potencial impacto do fundo de resolução -"coisa que vinquei ao Governo", fez questão de dizer - pesou porque o o risco de bail-in existia. Não haver ajuda de Estado foi, então, a primeira condição que impôs para aceitar o cargo.
E a segunda? "A segunda foi que considerava que não devia aplicar à Caixa o estatuto de gestor público por várias razões: primeira porque significava que estado continuava a ter direitos especiais e isso provavelmente poeria criar dificuldades nas negociações com Bruxelas". Depois, pelo que invocou sobre as polémicas declarações de rendimentos.