"Não é o momento propício" para vender terrenos da Feira Popular - TVI

"Não é o momento propício" para vender terrenos da Feira Popular

Terrenos da Feira Popular

Hasta pública estava agendada para amanhã, mas a autarquia só recebeu manifestações de interesse

O representante das empresas de mediação imobiliária considerou esta quarta-feira que este não é o “momento propício” para alienar os terrenos da antiga Feira Popular de Lisboa, enquanto os moradores esperam que a Câmara não ceda aos “interesses” do setor.

“Acho que o momento não é o momento propício […].É um momento de incerteza política, de algum sobressalto. Os chamados investidores internacionais, até pela dimensão deste investimento, estão um pouco retraídos”, afirmou o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima.

O responsável falava à agência Lusa ainda antes do anúncio do final da tarde da autarquia lisboeta, que informou não ter recebido propostas para comprar os antigos terrenos da Feira Popular por um valor base de 135,7 milhões de euros. Esta era a segunda tentativa de vender os terrenos, após uma primeira hasta sem interessados no final de outubro.

Luís Lima defendeu que a Câmara deve “chamar algumas entidades e personalidades […] e talvez colocar isto de uma maneira completamente diferente”.

“Há uma grande oferta no projeto para não habitacional e eu […] não sei se será o melhor”, apontou, referindo que “se fosse o dono do projeto, orientava-o para [o uso] habitacional, onde há grande procura”.

A alienação destes terrenos, delimitados pelas avenidas das Forças Armadas, da República e 05 de Outubro e com uma área de construção de 143 mil metros quadrados, foi aprovada em julho pela Câmara e pela Assembleia Municipal de Lisboa.

Segundo o programa do concurso, a superfície destinada ao comércio não pode ser superior a 25%, a da habitação não pode ser inferior a 25% nem exceder 35% da superfície total e 30% do terreno tem, obrigatoriamente, de ser área verde.

Mostrando-se de acordo com estas percentagens, o presidente da Associação de Moradores das Avenidas Novas, José Soares, disse que “o pior cenário” era ter ali uma grande superfície comercial.

“Aqueles terrenos estão no coração da cidade e temos de ter a frontalidade necessária para dizermos o que é que queremos para ali e não cedermos a interesses e especulações imobiliárias”, salientou.

Numa resposta escrita enviada à Lusa, o presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Daniel Gonçalves (PSD), relacionou a falta de interessados com a “ausência de garantias dadas aos promotores/compradores” pelo município.

“Aliás, a Câmara sujeitou o projeto à discussão pública, o que, na perspetiva dos compradores, não dá garantias de que possam realizar os seus projetos sem alterações de terceiros”, criticou o autarca.

Os terrenos da antiga Feira Popular estiveram na origem de um processo judicial que envolveu a Câmara de Lisboa e a empresa Bragaparques, que se arrastou por vários anos.

Depois de Palhavã, a feira funcionou em Entrecampos de 1961 até 2003. A sua terceira casa vai ser em Carnide.

 
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