"Porque o estado atual do setor é grave" e porque sentem que estão "a ser alvo de uma série de decisões governamentais que muito nos estão/vão afetar negativamente", a ANTRAM – Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias convocou os seus cerca de dois mil associados para uma reunião extraordinária a realizar no próximo dia 8.
O objetivo da reunião, que se realizará através de uma plataforma online, é avaliar as "grandes dificuldades" que o setor atravessa, em particular no que toca às medidas recente do Governo, que muitos associados consideram que têm sido prejudiciais para o setor das empresas transportadoras e podem, inclusivamente, inviabilizar a continuidade de várias empresas.
Sobre uma eventual paralisação - que poderia colocar em causa a cadeia de distribuição nos supermercados e o abastecimento de bens de primeira necessidade - a ANTRAM diz que está tudo em cima da mesa, "porque os associados são soberanos" e são eles que vão decidir os próximos passos.
Na convocatória para a reunião, a que a TVI teve acesso, são elencados alguns dos problemas mais graves, que vão desde o preço dos combustíveis ao aumento dos custos salariais, uma vez que muitos dos salários são indexados ao salário mínimo, que deverá subir para 705 euros no próximo ano. A ANTRAM gostaria de ter sido ouvida pelo Governo sobre esta questão.
Além disso, o recente anúncio da eliminação da isenção de ISV para as carrinhas comerciais e a eliminação da redução 50% do IUC nos veículos com licença para transporte de grandes dimensões trazem também custos acrescidos para as empresas.
A associação chama ainda a atenção para a incapacidade de realizar "um verdadeiro controlo da concorrência, incluindo a das empresas estrangeiras no nosso país, apesar de repetidamente solicitado" e para a falta de regulação das cargas e descargas de mercadorias.
A ANTRAM está também descontente com "o privilégio desmedido do transporte ferroviário face ao transporte rodoviário de mercadorias" e com o facto de o setor ter sido ignorado no Plano de Recuperação e Resiliência. Comparação (PRR).
"O setor sente que o nosso Governo não está preocupado com os transportadores e parece dispensar-lhes uma atenção muito menor do que aquela que lhes deveria ser dada", lê-se na convocatória para a reunião.