Wikileaks: presidente do BCP ofereceu ajuda aos EUA para espiar Irão - TVI

Wikileaks: presidente do BCP ofereceu ajuda aos EUA para espiar Irão

Em causa estaria a possibilidade de fazer negócios com o Irão. Esquema de espionagem seria do conhecimento de Sócrates

O jornal «El País» revela informação do Wikileaks que envolve o presidente do banco BCP, Carlos Santos Ferreira, num esquema de espionagem a favor dos Estados Unidos e que seria do conhecimento do primeiro-ministro, José Sócrates.

O Banco Comercial Português (BCP), maior banco privado nacional, pretendia fazer negócios com o Irão sem, contudo, prejudicar as relações diplomáticas com os Estados Unidos.

Sócrates desconhece qualquer actividade do BCP no Irão

Segundo o jornal espanhol, que cita um telegrama «confidencial» da embaixada dos Estados Unidos em Lisboa, enviado para Washington a 12 de Fevereiro deste ano, Carlos Santos Ferreira propôs «fazer trabalho de espionagem ao serviço dos Estados Unidos» tendo «proposto ir ao Irão e, em troca, oferecer a Washington informação das actividades financeiras da República Islâmica».

A operação contaria com o conhecimento do primeiro-ministro, José Sócrates, e membros do Governo.

Contactada pela Agência Financeira, fonte oficial do BCP disse, apenas, que «o banco não comenta» esta notícia.

Irão tentou seduzir BCP, EUA não gostaram

O caso remonta a Abril de 2009 quando «o BCP visitou o Irão a convite da embaixada iraniana em Lisboa e encontrou-se com responsáveis do Banco Central do Irão, entre outros gestores do sector financeiro, para discutir o interesse do país em estabelecer negócios com o banco português», como se lê no telegrama, citado pelo Wikileaks.

Santos Ferreira terá então dado conhecimento a José Sócrates e ao Banco de Portugal do interesse do Irão em estabelecer uma relação com o BCP - relação essa não aplaudida pela embaixada dos EUA.

De acordo com o mesmo documento, o banqueiro terá, então, proposto dar informações sobre o Irão aos Estados Unidos.

«Ainda que considere que os custos podem ser maiores do que os benefícios, Santos Ferreira deseja estabelecer uma relação com o Irão para ajudar o Governo dos Estados Unidos a investigar fundos e atividades financeiras iranianas», lê-se no telegrama.

Dois responsáveis do BCP, José João Guilherme e Duarte Pitta Ferraz, deslocam-se então ao Irão, numa viagem de cinco dias, para «discutir a possibilidade de fazer negócios sem violar as restrições impostas pela UE e as sanções da ONU».

A viagem ocorreu semanas depois de Nuno Brito, director-geral da Política Externa do MNE, «ter assegurado ao vice-secretário de Estado, William J. Burns, que, de momento, Portugal não tem intenção de aprofundar as suas relações económicas com o Irão», ainda que «mantenha abertas as suas opções para futuros investimentos».

O «El Pais» refere ainda outro telegrama - cujos contornos não divulga - em que a embaixada norte-americana «se refere à intenção do Governo português de manter a porta aberta a uma futura entrada no Irão da Galp Energia».

O jornal espanhol divulga ainda vários comentários sobre o Presidente da República, Cavaco Silva, e o primeiro-ministro.

Veja aqui o telegrama confidencial

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[Notícia actualizada]
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