Suinicultores chegam a acordo com grupo Intermarché - TVI

Suinicultores chegam a acordo com grupo Intermarché

Distribuidor vai pagar mais cinco cêntimos por quilo

O Intermarché vai pagar aos suinicultores o preço do quilo de carne definido na Bolsa do Porco, privilegiando a produção nacional, disseram nesta sexta-feira, em Alcanena, representantes do grupo e do gabinete de crise da suinicultura.

Falando no final de uma reunião que se realizou esta tarde na base nacional do Intermarché em Alcanena, no distrito de Santarém, João Correia, o porta-voz do gabinete de crise criado no início de dezembro para alertar para a situação do setor, afirmou que a administração desta cadeia de distribuição assegurou ser “parte da solução e não parte do problema”.

A reunião com a produção aconteceu depois de um encontro da administração do grupo com a indústria, que fornece a carne de porco às empresas distribuidoras, tendo ficado decidido que a subida de 5 cêntimos por quilo, ocorrida na Bolsa do Porco de quinta-feira, vai ser refletida no preço pago à produção.

“O Intermarché transmitiu que vão pedir à indústria que lhes traga carne de porcos portugueses e que podem fazer passar para a produção o preço que foi combinado ontem”, disse João Correia aos jornalistas.

Na noite de segunda para terça-feira, os suinicultores realizaram um bloqueio no acesso à base do Intermarché em Alcanena, impedindo a saída dos camiões que abastecem diariamente os hipermercados da cadeia em todo o país, em protesto contra a campanha de 50% de desconto em toda a carne de porco que vigora esta semana e o esmagamento do preço pago à produção.

João Correia afirmou que qualquer subida do preço pago à produção ajuda à sobrevivência do setor.

“Não é de todo o que a produção precisa, mas passo a passo vamos caminhando e tentando chegar a bom porto”, declarou.

O porta-voz do movimento de suinicultores adiantou que, na reunião, ficou também esclarecida a questão da rotulagem, tendo “passado a mensagem” de como ela deve ser feita.

“Há uma abertura clara da administração do Intermarché em colaborar e fazer passar a mensagem do que é a carne nacional”, disse, adiantando que nas reuniões mantidas com os vários operadores foi possível esclarecer que a legislação em vigor “é muito clara” quanto à obrigatoriedade de identificar a origem em toda a carne.

Questionado sobre se não preferia ter alcançado com o Intermarché um acordo semelhante ao celebrado com a Sonae – que está a comprar diretamente à produção -, João Correia referiu que esta empresa não possui, como aquela, uma unidade para desmanchar carne, pelo que tem que ser abastecida pela indústria.

Vasco Simões, da administração do Intermarché, afirmou que as reuniões com a indústria e os produtores foram “bastante construtivas”, assegurando que o grupo vai “continuar a fazer o que sempre” fez, privilegiando a produção nacional.

Questionado sobre o efeito das promoções no preço pago aos produtores, o administrador afirmou que essas campanhas não estão em causa.

“Aqui em causa não está a questão da promoção, mas saber até que ponto podíamos ajudar a fileira da produção no sentido de valorizar cada vez mais o produto nacional, que é aquilo que nós já fazemos há muitos anos”, afirmou, adiantando que o grupo só recorre a carne espanhola ou francesa quando ela não é suficiente no mercado nacional.

Os suinicultores têm vindo a queixar-se do incumprimento da lei da rotulagem nalguns estabelecimentos comerciais e do preço pago à produção, alegando que perdem, em média, 45 euros por cada porco que vendem. Segundo João Correia, os suinicultores estão a vender “abaixo do custo de produção”, colocando em causa “200 mil postos de trabalho diretos e mais 200 mil indiretos”.
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