A Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP) mostrou, nesta terça-feira, preocupação ambiental com o aumento das vendas de veículos a gasolina em Portugal, que, pela primeira vez, em 2019 ultrapassaram as de carros a diesel.
Os veículos a diesel emitem menos cerca de 15% de CO2 [dióxido de carbono], é uma contradição", afirmou o secretário- geral da ACAP, Hélder Pedro, numa conferência de imprensa, em Lisboa, de balanço do setor automóvel no ano passado.
A ACAP defende que apenas os automóveis a diesel antigos são mais poluentes (em termos de emissões de CO2) do que os a gasolina, e afirma que o aumento das vendas dos veículos a gasolina, que, considera, estarem a ser promovidos junto dos consumidores, já se está a refletir num aumento das emissões poluentes.
Há a necessidade da União Europeia cumprir as metas de emissões, que em 2018 aumentaram, e em 2019 certamente também vão aumentar”, afirmou Hélder Pedro, dando conta que ainda não foram divulgados esses dados.
Os números da ACAP mostram que no ano passado as vendas de veículos a gasolina representaram 48% do total, enquanto as de diesel se ficaram pelos 40%.
Ainda acima, a percentagem de carros a diesel no total de vendas dos automóveis novos em Portugal “está acima da média europeia", segundo aquele responsável, que foi de 31%, e a “tendência vai acentuar-se” no futuro.
Hélder Pedro explicou que o mercado automóvel "estava dieselizado", até por questões fiscais, e desde 2014/15 assistiu-se a uma inversão, aumentando a procura da gasolina.
O dieselgate criou alguma ansiedade nos consumidores, além de restrições de circulação dos diesel, em países como a Alemanha, que são para veículos antigos e não novos veículos a diesel", explicou.
A ACAP realçou ainda a subida de 2,9% na importação de automóveis ligeiros de passageiros usados em 2019, num total de 79.459 veículos, que diz representar mais de 35% das vendas de carros e um aumento de 262% face aos cerca de 22 mil veículos importados em 2010.
A idade média destes carros importados foi de cinco anos e meio e 80% dessas importações são de veículos a gasóleo e 14% a gasolina.
Já a venda de carros elétricos ligeiros de passageiros em Portugal subiu 69% em 2019 face a 2018, de 4.073 para 6.883 unidades, contrariando a tendência do mercado automóvel nacional, que caiu 2%.
A venda de ligeiros elétricos em 2019 foi de 7.096 veículos, dos quais 6.883 de passageiros e 213 de mercadorias, segundo os dados da associação, tendo sido vendidos em 2018 (sem incluir os Tesla, marca para a qual não há dados desse ano) 4.073 veículos elétricos puros ligeiros de passageiros e 253 de mercadorias.
O mercado automóvel português fechou 2019 com menos 2% de carros matriculados face a 2018, totalizando 267,8 mil veículos, com o número de ligeiros a diminuir 2% e o de pesados 1,2%, divulgou a ACAP.
O mercado automóvel tinha registado aumentos de 2,6% (para 213,2 mil veículos) em 2018, 7,7% em 2017, 15,8% em 2016, 24% em 2015, 36,1% em 2014 e 11,7% em 2013.
A última descida registada nas vendas de automóveis em Portugal observou-se em 2012, ano em que se venderam 95.290 veículos, menos 38% do que os vendidos em 2011 (153.433 veículos).