A Caixa Geral de Depósitos chumbou nos testes de stress do Banco Central Europeu.
O Jornal de Negócios diz ter confirmado que o banco público reprovou no cenário mais adverso com falhas de resistência em caso de choques económicos agressivos. O que quer isto dizer? Seria o caso de acontecer uma recessão acumulada no PIB de 5,3% nos próximos 3 anos.
Se esses cenários se concretizassem, a Caixa ficaria com os rácios de capital abaixo do exigido pelas autoridades europeias e precisaria de uma injeção de 2 mil milhões de euros.
Essas insuficiências seriam, no entanto, mais do que cobertas pelo plano de capitalização que teve, em agosto, a aprovação de Bruxelas.
O acordo de princípio entre o Governo e a Comissão Europeia implica uma capitalização total de 5.160 milhões de euros, sendo que 2.700 milhões serão colocados pelo Estado.
O plano submetido à Direção-Geral da Concorrência da União Europeia prevê que o banco do Estado atinja níveis de solidez acima de 12%.
Note-se que o BCE não divulgou publicamente o resultado das avaliações. Até agora, dos bancos portugueses só o BCP deu conta da sua nota, depois de devidamente autorizado pelo supervisor, e passou.
Agências de rating aplaudem capitalização
Voltando à Caixa, 31 de agosto foi dia de abrir um novo capítulo na sua história, com uma nova equipa de gestão.
Depois de o processo se ter arrastado, António Domingues e a sua equipa assumiram finalmente funções e esta quinta-feira o novo líder já vai reunir-se com os diretores centrais da CGD. A fixação dos salários da gestão caberá ao antigo presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, que será então o responsável pela comissão de remunerações.
no meio do turbilhão do processo de reestruturação e de recapitalização, com exigências do BCE para cumprir, contestação por parte da oposição política e receios por parte dos trabalhadores do banco público, com os cortes de pessoal que aí vem.
Ontem, a agência de rating Standard & Poor's admitiu subir a avaliação banco público, dizendo que a recapitalização pode autorizar a Caixa a operar com capital mais elevado no futuro. Atualmente a nota de longo prazo é ‘BB-‘, com implicações positivas e possível melhoria no futuro. Também a Moody's considerou "positiva" a injeção de capital para os credores.
Alvo de uma comissão de inquérito, que já começou, a Caixa Geral de Depósitos é um dossiê que tem feito correr muita tinta nos media e politicamente.
A ex-ministra das Finanças e vice-presidente do PSD, Maria Luís Albuquerque classifica o processo da CGD como "uma sucessão de trapalhadas" por parte do atual Governo.
O líder do partido, Passos Coelho, acusa o Governo de estar a esconder más notícias. Da parte do CDS-PP, Assunção Cristas teme mais dívida e mais impostos para os portugueses.
Já o ex-presidente social-democrata Luís Marques Mendes considera que existe "muito boa gente" no PS e no PSD interessada em que não se investigue o que se passou na gestão do banco público.