Catalunha preocupa empresários portugueses que querem redução de IRC - TVI

Catalunha preocupa empresários portugueses que querem redução de IRC

  • Atualizada às 14:59
  • 6 out 2017, 14:15
António Saraiva (CIP) com Marcelo Rebelo de Sousa

António Saraiva da CIP vê com "apreensão" a crise política na região catalã. Sobre o Orçamento do Estado, querem crédito bancário e baixa do IRC

A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) disse assumiu esta sexta-feira estar “apreensiva” com o que vai acontecer na Catalunha, que enfrenta uma grave crise política, por Espanha ser um dos principais mercados europeus de destino de exportações portuguesas.

Esta questão da Catalunha, a par do ‘Brexit’, vem trazer perturbação à coesão que deveria existir na União [Europeia] e vem trazer alguma inquietude e alguma angústia às empresas portuguesas que, tendo o mercado espanhol como um dos mercados preferenciais de destino das suas exportações. Estamos obviamente apreensivos com o que é que vai suceder”, disse o presidente da CIP, António Saraiva.

Falando aos jornalistas no Palácio de Belém, depois de um encontro com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o responsável da CIP notou que “70% do volume das exportações portuguesas direciona-se ao espaço europeu e a Espanha, dentro deste espaço é um dos mercados importantes para a economia portuguesa”.

Obviamente que tudo aquilo que perturbe o mercado espanhol terá reflexos, positivos ou negativos, na economia portuguesa”, admitiu.

Contudo, afirmou esperar que a situação, que a CIP está a acompanhar “com alguma preocupação”, se resolva “com a tranquilidade que todos os conflitos devem merecer”.

António Saraiva apontou ainda que, se dali resultar “uma implosão de Espanha como estado único”, os empresários terão de “definir planos B”.

Questionado sobre o facto de alguns bancos estarem a mudar as suas sedes da Catalunha para outras regiões de Espanha, António Saraiva usou a expressão popular: “cuidados e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”.

Redução do IRC´será “sinal positivo”

No âmbito do Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) defende a resolução do problema da “desalavancagem da banca”, para garantir sustentabilidade económica, e a redução do IRC como “sinal positivo” ao investimento.

Num conjunto de 14 propostas apresentadas ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, uma delas visa a resolução do crédito malparado para “salvar empresas que, sendo economicamente viáveis, estão estranguladas financeiramente, atalhando este enorme problema que tem sido a desalavancagem da banca à economia”, segundo o presidente da CIP, António Saraiva.

O responsável, que falava no Palácio de Belém, detalhou que, “de dezembro de 2012 até agora, houve uma redução do crédito às empresas na ordem do 24 mil milhões de euros”, 1,8 mil milhões de euros dos quais referentes ao primeiro semestre de 2017.

Esta redução de crédito faz com que a banca não seja hoje um parceiro de risco das nossas empresas e as nossas empresas ainda necessitam de ter na banca um parceiro de risco, embora necessitem, igualmente, de encontrar novos mecanismos de financiamento […] e de requalificação das suas estruturas de balanço”, vincou.

Em termos fiscais, a CIP reiterou o pedido de redução do Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC), salientando que, a concretizar-se, este seria “um sinal positivo ao investimento”.

A confederação empresarial solicitou também o alargamento para 50 mil euros do teto máximo da taxa reduzida de 17% de IRC, que se situa em 12.500 euros.

Uma vez que “a maioria das empresas são micro e pequenas empresas”, este alargamento “ajudaria o tecido empresarial a ter algum estímulo aos seus investimentos”, observou António Saraiva.

"Requalificação dos recursos humanos”

Outro dos eixos enumerados centra-se na qualificação, área na qual a CIP propôs “majorar em 150%, em sede de IRC, aquilo que for destinado à requalificação dos recursos humanos”.

A batalha dos recursos humanos e da sua qualificação, e da requalificação daqueles que estão hoje desempregados, é fundamental”, assinalou.

Isso permitiria, a seu ver, criar novos postos de trabalhar e formar profissionais já empregados, nomeadamente em sectores de atividade com “significativas necessidades” como o metalúrgico e o elétrico e eletrónico, nos quais faltam, respetivamente, 28.000 e 2.500 postos de trabalho por preencher.

Questionado pelos jornalistas sobre um eventual aumento do salário mínimo, o presidente da CIP sustentou que só melhorando o panorama económico para as empresas e reduzindo de contexto é que se criarão “condições” para isso acontecer. António Saraiva reiterou que isso deve ser “anexado à produtividade”.

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