Patrões pedem ao Governo para ser "realista" no aumento do salário mínimo - TVI

Patrões pedem ao Governo para ser "realista" no aumento do salário mínimo

  • CE
  • 6 nov 2019, 11:12

António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal, disse não ter uma proposta em concreto, reafirmando que é necessário ter em conta indicadores como a produtividade, inflação e crescimento económico na evolução do salário mínimo

O presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, considerou esta quarta-feira ambiciosa a meta do Governo para o salário mínimo e pediu para o executivo ser “realista” e dar condições para que as empresas consigam suportar o aumento.

Vamos ouvir o Governo sobre o que é que tem para dizer sobre esta meta que traçou com muita ambição e espero que coloque igual ambição no crescimento económico”, disse António Saraiva, à entrada da reunião da Concertação Social, onde os parceiros vão discutir o aumento do salário mínimo para 2020.

Na reunião desta quarta-feira, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, deverá apresentar às estruturas sindicais e patronais uma atualização do valor para 2020, sendo que a meta do Governo é atingir os 750 euros até 2023.

António Saraiva disse não ter uma proposta em concreto, reafirmando que é necessário ter em conta indicadores como a produtividade, inflação e crescimento económico na evolução do salário mínimo.

Temos de ser realistas, temos de dar sustentabilidade às empresas”, sublinhou o presidente da CIP.

 

A economia gere-se por sinais diferentes do que os decretos que alguns governos teimam em fazer e por isso queremos discutir condições que permitam às empresas sustentadamente atingir os objetivos salariais que todos desejamos”, afirmou o presidente da CIP.

Já o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, destacou que o aumento do salário mínimo nos últimos anos teve efeitos positivos na economia e voltou a exigir como meta 850 euros.

O líder da UGT, Carlos Silva, defendeu maior ambição nos números, lembrando que a central sindical quer 660 euros para 2020.

O salário mínimo nacional é este ano de 600 euros.

Percentagem de trabalhadores com salário mínimo caiu para 21,3% até setembro

A percentagem de trabalhadores a receber salário mínimo desceu 1,1 pontos percentuais, para 21,3% nos primeiros nove meses do ano em comparação com igual período de 2018, segundo um documento do Governo distribuído esta quarta-feira na Concertação Social.

Os dados mais recentes mostram que a proporção de trabalhadores com remuneração igual à RMMG [Remuneração Mínima Mensal Garantida] desceu de 22,4% nos primeiros nove meses de 2018 para 21,3% no mesmo período de 2019 (1,1 p.p.), apesar do aumento do valor da RMMG para 600 euros”, lê-se no documento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

De acordo com a mesma fonte, o peso do salário mínimo na massa salarial desceu 0,5 pontos percentuais (p.p.) até setembro de 2019 face ao período homólogo para 10,4%.

O documento apresentado aos parceiros e distribuído entretanto à imprensa não integra ainda a proposta do Governo para o aumento do salário mínimo no próximo ano, estando o tema a ser discutido esta manhã na Concertação Social, com o executivo a definir como meta atingir os 750 euros em 2023.

O Ministério realça no documento que a previsão da taxa de inflação é de 1,3% para 2019 e de 1,4% para 2020 e que a economia deverá crescer 1,9% nos dois anos, assim como a produtividade.

O Governo sublinha que a discussão sobre a evolução do salário mínimo para 2020 decorre com os parceiros sociais “sem prejuízo de um diálogo mais amplo em sede de Concertação Social sobre política salarial e de rendimentos de médio prazo que deverá ser iniciado a curto prazo”.

No documento, o Ministério refere que na reunião irá auscultar os parceiros sociais sobre “a disponibilidade para iniciar a discussão e os trabalhos para um acordo global sobre política salarial e de rendimentos”.

O número de trabalhadores a receber o salário mínimo nacional era de 755,9 mil em abril, de acordo com dados do anterior governo.

Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE