Inquérito/Banif: apreciação do relatório final exaltou os ânimos no parlamento - TVI

Inquérito/Banif: apreciação do relatório final exaltou os ânimos no parlamento

Manifestação dos lesados do Banif nos Açores

Apreciação em plenário do relatório da comissão de inquérito ao Banif exaltou os ânimos no parlamento, quando o deputado do PS atirou as culpas pela situação do banco para o PSD/CDS-PP e para a ex-ministra Maria Luís Albuquerque

A apreciação em plenário do relatório da comissão de inquérito ao Banif exaltou os ânimos no parlamento, quando o deputado do PS atirou as culpas pela situação do banco para o PSD/CDS-PP e para a ex-ministra Maria Luís Albuquerque.

A grande responsabilidade do caso Banif é do governo PSD/CDS", disse o deputado do PS Carlos Pereira, para quem o anterior executivo de centro-direita escondeu o Banif "debaixo do tapete".

Depois, o socialista teceu críticas à antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, que tradicionalmente se senta na última fila do plenário, e vários deputados do PSD e CDS-PP bateram inclusive com as mãos na mesa para contestar Carlos Pereira.

Não estou escondida, estou aqui, estou a ver, estou a assistir a este debate, estou a ouvir a argumentação. Nunca me escondi de coisa nenhuma. Acha que o valor e o relevo de cada um dos deputados desta câmara se mede pelo lugar onde se senta?", perguntou Maria Luís Albuquerque, que pediu a palavra ao presidente da Assembleia da República em exercício - na ocasião José Manuel Pureza - para defender a sua honra.

Antes, o deputado do PSD Carlos Abreu Amorim havia referido que "infelizmente, o saldo desta comissão de inquérito não pode deixar de ser negativo", reflexo do "rolo compressor da maioria, em que propósitos da oposição foram esmagados sem apelo nem agravo", nomeadamente a recusa de uma auditoria externa ao Banif.

Ainda hoje estamos à espera de documentos pedidos ao ministério das Finanças e não recebidos", acrescentou ainda Abreu Amorim.

À esquerda, Mariana Mortágua, do BE, lembrou que o CDS se absteve na votação do relatório final, o que, diz a bloquista, representa um sinal claro de que não houve um "rolo" à esquerda de impedir a normal atividade dos trabalhos.

O CDS absteve-se. Se fosse assim um rolo tão radical seria difícil o CDS abster-se. O PSD é que teve uma atitude pequena", vincou a deputada.

Pelo CDS-PP, Cecília Meireles diz que houve uma procura de consensos na comissão, mas palavras como a de hoje do socialista Carlos Pereira "são tudo" o que os trabalhos não precisam.

O trabalho final permite uma visão geral e inclui várias das propostas do CDS, facto que reconhecemos e saudamos. Mas não podemos deixar de reconhecer que o relatório final não é equilibrado" e demonstra "parcialidade", continuou a centrista.

Pelo PCP, o deputado Miguel Tiago foi - como os restantes partidos da esquerda - crítico para com o "assalto" feito por "engravatados" ao Banif nas "barbas do Banco de Portugal".

Não podíamos hoje deixar de lembrar as responsabilidades que o relatório e a comissão apurou em relação ao anterior Governo e à forma criminosa como lidou com o Banif", disponibilizando 1,1 milhões de euros num banco que era um "sorvedor", vincou.

O deputado relator, o socialista Eurico Brilhante Dias, destacou por seu turno que o texto foi enviado para o Parlamento Europeu para que o "trabalho de escrutínio e sufrágio possa prosseguir nessa sede".

Já o parlamentar que presidiu à comissão, o comunista António Filipe, declarou: "Foi inteiramente justa a decisão de constituir esta comissão. Foi um caso que custou muito dinheiro aos contribuintes portugueses".

O relatório final da comissão de inquérito ao Banif - a cargo do deputado do PS Eurico Brilhante Dias - foi aprovado em sede de comissão no final de julho com os votos favoráveis de PS, BE e PCP, com o PSD a votar contra e o CDS-PP a abster-se.

O texto fechou mais de 100 horas de audições e vários meses de trabalho da comissão de inquérito, numa altura que já arrancava no parlamento uma comissão outra dedicada também à banca - referente à Caixa Geral de Depósitos.

Em 20 de dezembro de 2015, domingo ao final da noite, Banco de Portugal e Governo anunciaram a resolução do Banif, a venda de alguns ativos ao Santander Totta e a transferência de outros (muitos deles 'tóxicos') para a sociedade-veículo Oitante.

A operação surpreendeu pela dimensão do dinheiro estatal envolvido, que no imediato foi de 2.255 milhões de euros, o que obrigou a um orçamento retificativo.

A este valor há ainda que somar a prestação de garantias de 746 milhões de euros e a perda dos cerca de 800 milhões de euros que o Estado tinha emprestado em 2012 e que não tinham sido devolvidos.

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