Foi o próprio que solicitou aos deputados não ser inquirido nos moldes normais, com a presença da comunicação social, alegando os processos de natureza criminal em que está envolvido, tanto em Portugal, como no Luxemburgo. Todos os grupos parlamentares aceitaram, na condição de ser exceção e não regra.
Castella fez outro pedido, de reserva de imagem, a que tem direito, pelo que não poderia sequer ser fotografado.
Também não entrou pela porta normal que dá acesso à sala 6 do Parlamento, onde costumam decorrer as audições. Nem os jornalistas - alguns vieram na mesma, na expectativa - vislumbraram o inquirido desta quarta-feira. A audição estava agendada para as 16:00.
Quem é José Castella?
Com 65 anos, José Carlos Cardoso Castella trabalhou para o grupo Espirito Santo desde 1986.
A par de Machado da Cruz, ele era um dos responsáveis pelas contas, segundo frisou na comissão de inquérito o histórico apoiante de Ricardo Salgado, José Manuel Espírito Santo Silva, que também apontou responsabilidades ao ex-presidente do BES:
«Presumo que o Machado da Cruz [contabilista] não tenha decidido por conta própria a contabilidade» (...) «Não lhe vou aqui dizer que era fulano ou sicrano, mas penso que haverá uma combinação entre as pessoas que estavam responsáveis pela tesouraria do grupo»
O ex-administrador do GES disse que ainda que, embora o contabilista tenha referido, desde 2009, 2010, que «estava preocupado com alavancamento do grupo, com crescimento da dívida», «nunca» foi referida a ocultação de erros.
Licenciado em Administração de Empresas e em Finanças, o controller financeiro do GES também integrou a comissão executiva da Espírito Santo Financial Group (ESFG).«O Dr. Machado da Cruz reportava diretamente ao Dr. José Castella que, por sua vez, reportava ao Dr. Ricardo Salgado»