BES/GES: a audição de Rui Guerra em 8 pontos - TVI

BES/GES: a audição de Rui Guerra em 8 pontos

Rui Guerra, ex-presidente do BESA [Lusa]

Ex-presidente do BESA foi ouvido a 10 de fevereiro. Admitiu que os clientes finais dos empréstimos que fez graças aos créditos do BES não são todos conhecidos

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Rui Guerra liderou o Banco Espírito Santo Angola de janeiro de 2013 a outubro de 2014. A garantia do Estado Angolano para cobrir os créditos de 5,7 mil milhões concedidos pelo BES ao BESA foi negociada, assinada  e revogada no seu mandato.

Admitiu que, sem ela, o banco podia ter ido à falência. Mas o BES é que acabou por ruir, em julho de 2014, e o Novo Banco por sofrer as consequências. A garantia soberana foi retirada um dia depois da resolução do Banco de Portugal, fazendo com que o fundo de resolução tivesse de injetar muito mais dinheiro na nova instituição financeira, uma vez que ele desapareceu do BES de um momento para o outro.

O resumo da audição em 8 pontos:

1 - A garantia do Estado angolano foi «imprescindível» e foi pedida pelo conselho de administração do BESA. Caso contrário, o banco «podia ter soçobrado»

2 - Garantia soberana era «robusta» e «nunca» teve «evidências» de que viesse a ser revogada em agosto de 2014. Quando foi passada, no valor de 5,7 mil milhões de euros, já existiam 2,3 mil milhões que estavam em incumprimento  

3 - Incumprimento dos créditos tinha, de resto, um «risco elevadíssimo».  A lista de devedores (que constava num anexo da dita garantia) não chegou ao BES Portugal, nem ao Banco de Portugal

4 - Nem todos os beneficiários dos empréstimos que o BESA conseguiu conceder, graças aos créditos que o BES lhe fez, são conhecidos. «Admito que possa ter havido alguns que não tenhamos conseguido identificar»

5 - Recusou revelar quanto foi emprestado a esses beneficiários desconhecidos, invocando o sigilo bancário para não responder (o que fez inúmeras vezes). Só negou que o montante fosse de 4,1 mil milhões de euros como foi noticiado.

6 - Quando substituiu Álvaro Sobrinho na liderança, encontrou «poucas evidências de regras de governance» e o banco estava numa «situação difícil». «Era uma carteira de crédito doente e que carecia de uma análise muito cuidada»

7 - Os «inúmeros e sucessivos problemas» com que a comissão executiva se deparou foram «sempre comunicados, discutidos com as autoridades angolanas, acionistas e auditores». A colaboração foi «constante, empenhada e transparente», entre todos, entre junho de 2013 e outubro de 2014
 
8 - Pelo menos até 2012, os temas «mais relevantes» eram tratados «diretamente» entre Álvaro Sobrinho e Ricardo Salgado. Antes de ser presidente, Rui Guerra foi administrador não executivo do BESA, mas tinha um «conhecimento muito limitado» do que se passava. Recusou, mesmo, «qualquer relação pessoal ou familiar» com os Espírito Santo e acionistas

No mesmo dia da audição do ex-presidente do BESA foi ouvido o presidente do Novo Banco. Veja aqui o resumo da audição de Eduardo Stock da Cunha.
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