Créditos de favor? "Nem um", enquanto Faria de Oliveira liderou a Caixa - TVI

Créditos de favor? "Nem um", enquanto Faria de Oliveira liderou a Caixa

Faria de Oliveira

Ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos e atual líder da Associação Portuguesa de Bancos diz que foi a crise económica e das dívidas soberanas a responsável pela situação do setor financeiro. Almofada da troika foi "insuficientemente utilizada"

Faria de Oliveira liderou a Caixa Geral de Depósitos entre 2008 e 2011, precisamente na altura em que rebentou a crise financeira e das dívidas soberanas, com a entrada da troika em Portugal nesse último ano. O atual líder da Associação Portuguesa de Bancos mostra-se de consciência tranquila sobre esse tempo em que chefiou o banco público. 

Creio convictamente que fizemos o melhor possível e que a Caixa comparava muito positivamente com os seus pares. (...) Estou convictamente certo que durante o meu mandato não existiram concessões de crédito que não seguissem todas as regras e normas. Não me lembro de um único caso".

Ao ser ouvido pelos deputados na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD. sublinhou logo de seguida: "Em termos de ex-presidente da CGD não sei o que era um crédito de favor".

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O antigo líder da Caixa considerou, ainda, que a linha de 12 mil milhões do empréstimo da troika destinada ao sistema financeiro "foi insuficientemente utilizada".

E o sistema bancário também tem culpas nisso. Foi parcimonioso ou avaliou de maneira positiva demais capacidade de fazer face à crise, muito mais profunda do que se esperava".

Seja como for, para Faria de Oliveira foi a "forte crise económica", que marcou o período da intervenção da troika em Portugal, a grande responsável pela situação atual da banca: "Por mais diagnósticos que possamos fazer ou responsabilidades que se queira apurar, não há rigorosamente nada que se aproxime sequer ou tenha um impacto tão importante como a forte crise económica que se faz sentir".

"Deixou mazelas que a banca tem ainda de resolver". Isto porque a crise económica "provocou um enorme aumento da taxa de incumprimento do crédito das empresas aos bancos", que é hoje oito vezes superior à existente em 2008.

Acredita que operação de aumento de capital em curso, atualmente, vai dar um grande reforço para a solidez do banco público. "É crucial que a CGD continue a desempenhar o papel que sempre ocupou no setor bancário nacional, de referência e de peça-chave na estabilidade do sistema. Com o aumento de capital de que vai usufruir, a sua solidez atual sai reforçadíssima".

Faria de Oliveira expressou ainda o desejo de que os trabalhos da comissão de inquérito sirvam "para eliminar quaisquer dúvidas não só sobre a capacidade da CGD para continuar a cumprir as suas missões, mas também sobre a qualidade da gestão da instituição".

A Caixa foi servida ao longo dos anos por grandes profissionais, quer a nível do seu Conselho de Administração, quer da alta direção e restantes quadros e colaboradores. É fundamental que a banca não seja sistematicamente posta em causa. E que o trabalho de escrutínio que está a ser realizado pelo parlamento contribua para uma Caixa mais forte".

 

 

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