Bruxelas piora previsões do crescimento português para 4,1% este ano mas melhora para 2022 - TVI

Bruxelas piora previsões do crescimento português para 4,1% este ano mas melhora para 2022

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  • 11 fev 2021, 10:10

A retoma da economia europeia acontecerá em 2022, ligeiramente mais cedo do que o estimado, segundo as previsões da Comissão Europeia

 A Comissão Europeia prevê um crescimento do produto interno bruto (PIB) português de 4,1%, uma revisão em baixa da previsão de 5,4% feita em novembro, segundo as previsões macroeconómicas de inverno divulgadas esta quinta-feira.

De acordo com os números hoje conhecidos, para 2022 a Comissão Europeia reviu em alta a expectativa de crescimento, subindo dos 3,5% apontados em novembro para uma previsão de 4,3%.

O Governo português espera atualmente uma subida do PIB de 5,4% este ano, de acordo com as previsões feitas aquando da apresentação do Orçamento do Estado de 2021 (OE2021), mas o ministro das Finanças já admitiu uma revisão do cenário macroeconómico, devido aos efeitos da pandemia de covid-19.

As previsões divulgadas pelo executivo da União Europeia (UE) colocam os números portugueses acima dos da zona euro, já que Bruxelas aponta para um crescimento de 3,8% no bloco dos países da moeda única, tanto em 2021 como em 2022.

Expectativa de retoma lenta do turismo no verão

O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, atribuiu a revisão em baixa da recuperação económica em Portugal este ano sobretudo à dependência do país relativamente ao turismo externo, fortemente afetado pela pandemia da covid-19.

Portugal é substancialmente afetado por um dos setores em maiores dificuldades, que é não só o turismo em geral, mas em particular o turismo externo. E o turismo externo por si só representa 8% do PIB em Portugal, pelo que é fácil imaginar o quanto [o país] é afetado pela pandemia”, observou o comissário italiano.

Gentiloni disse, todavia, acreditar que, tal como projetado para a generalidade da economia europeia, um forte desempenho da economia portuguesa “no segundo semestre deste ano e, sobretudo, no próximo ano”, fruto também de uma melhoria da situação epidemiológica e consequente alívio das medidas restritivas, permitirá melhorar as projeções macroeconómicas.

Com a introdução de um confinamento mais rigoroso a meio de janeiro de 2021, o PIB deverá cair novamente no primeiro trimestre de 2021, antes de começar a recuperar no segundo trimestre do ano, com uma maior retoma nos meses de verão", pode ler-se na secção dedicada a Portugal das previsões macroeconómicas de inverno hoje divulgadas.

Bruxelas tem "expectativas para uma retoma notável no turismo no verão, particularmente nas viagens intra-UE, e uma recuperação mais gradual posteriormente", apesar de o setor dever permanecer "um pouco abaixo do seu nível pré-crise até ao final do período das previsões".

Quanto ao PIB, "é esperado um regresso completo aos níveis de pré-pandemia perto do final de 2022, mas os riscos permanecem significativos devido à grande dependência do país do turismo externo, que continua a enfrentar incertezas relacionadas com a evolução da pandemia".

A Comissão Europeia ressalva, por outro lado, que as medidas apresentadas no esboço do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) apresentadas em outubro não estão contabilizadas, e representam um impacto positivo de 0,25% no PIB.

"A procura, deprimida, e a esperada subida do sentimento económico, deverão fomentar a recuperação económica. O consumo privado também deverá beneficiar de um mercado de trabalho relativamente resiliente, onde a queda do emprego compara favoravelmente com a do produto, e as transferências sociais públicas providenciam mais apoio ao rendimento", pode ler-se no texto que acompanha as previsões de hoje de Bruxelas.

Os números de hoje, intercalares, apresentam apenas previsões para o PIB e da inflação, e nesse capítulo os preços portugueses deverão aumentar 0,9% em 2021 e 1,2% em 2022, segundo as previsões do Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (HICP).

O aumento projetado dos preços da energia deverá ser o fator principal da inflação na primeira metade de 2021, seguido de uma subida gradual nos preços dos serviços no terceiro trimestre de 2021", refere a Comissão Europeia.

Quanto ao ano passado, o executivo europeu assinalou que a queda de 7,6% do PIB em 2020 se deveu ao impacto da pandemia de covid-19, "com um impacto particularmente forte no grande setor da hospitalidade no país".

Assim, "as exportações de serviços e investimento em equipamento registaram as maiores quedas em 2020, mas o consumo privado também caiu significativamente, no meio de um aumento das poupanças".

"Por outro lado, o investimento na construção continuou a crescer, ajudado pelo ciclo de projetos financiados pela UE. Depois do choque inicial, a indústria transformadora também esteve relativamente bem, recuperando para perto de níveis pré-crise", assinala Bruxelas no relatório de hoje.

Em 2022 a economia europeia regressará aos níveis pré-pandémicos

O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, disse que a economia europeia vai regressar aos níveis pré-pandemia em 2022, ligeiramente mais cedo do que estimado, apesar “do desafio” criado pelo crescimento abaixo do esperado este ano.

Como a recessão em 2020 não foi tão profunda como se esperava, e graças aos avanços em matéria de vacinas, projetamos agora que a economia da União Europeia regressará ao seu nível de Produto Interno Bruto [PIB] pré-crise já em 2022”, declarou Paolo Gentiloni.

Falando em conferência de imprensa em Bruxelas na apresentação das previsões macroeconómicas intercalares de inverno, o responsável admitiu porém que situação económica “continua a ser um desafio”, numa altura em que a pandemia da covid-19 continua bem presente e a atrasar o ritmo de recuperação económica na União Europeia.

Desde o outono, muitos Estados-membros reintroduziram ou reforçaram as medidas de contenção em resposta ao ressurgimento das infeções e, mais recentemente, à propagação de novas variantes mais contagiosas do coronavírus”, observou Paolo Gentiloni.

O comissário notou ainda que, apesar de estas medidas “serem necessárias”, é “claro que afetam a atividade económica, embora em muito menor grau do que na Primavera do ano passado”.

A Comissão Europeia voltou hoje a rever em baixa o ritmo da recuperação económica este ano na Europa, que “permanece nas garras da pandemia da covid-19”, estimando que a zona euro cresça 3,8% e a União Europeia 3,7%.

A economia espanhola irá crescer 5,6% em 2021, o maior aumento da União Europeia, depois de em 2020 ter sido o Estado-membro mais penalizado pela covid-19 com uma queda de 11% do PIB. O executivo comunitário explica que “o crescimento do PIB em Espanha recuperou fortemente no terceiro trimestre de 2020, após a contração sem precedentes no primeiro semestre do ano”.

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