BES/GES: a audição de José Maria Ricciardi em 10 pontos - TVI

BES/GES: a audição de José Maria Ricciardi em 10 pontos

José Maria Ricciardi (Lusa)

Primo rival de Ricardo Salgado foi ouvido a 9 de novembro até à madrugada do dia seguinte. Disse que foi «traído» e que foi o único membro da família que tentou mudar o rumo do grupo. Apareceu no Parlamento como o grande aliado do Banco de Portugal e culpou Salgado pelo descalabro. Não acredita ele não soubesse do desvio nas contas

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José Maria Ricciardi é o único membro da família Espírito Santo ainda com funções relevantes dentro do grupo. É presidente do BESI, o banco de investimento do BES. Temperamental e sem papas na língua, tanto na comissão de inquérito sobre o colapso do banco e do Grupo Espírito Santo, como nas reuniões do conselho superior do GES (cujas gravações a TVI tem revelado), Ricciardi mostra-se contra a liderança de Salgado e o modelo de gestão.

Aos deputados, garantiu que ninguém o acompanhou no «dever» de denunciar o que se passava e elogiou a atuação do Banco de Portugal.

O resumo da audição em 10 pontos:

1 - Começou dizendo que é «o primeiro a lamentar o descalabro» e que foi «a única pessoa» que tentou «mudar o curso das coisas» no Grupo Espírito Santo – e que as denunciou -, mas foi «traído» tanto por Salgado como pela maioria dos administradores. Por isso, recusa responsabilidades coletivas que Salgado tentou fazer crer no Parlamento
 
2 - Apareceu como o grande aliado do Banco de Portugal, ao dizer que o regulador «fez tudo o que era possível». «A liderança do grupo adiava, dissimulava e empurrava os problemas como uma bola de neve»
 
3 - Esteve para ser afastado duas vezes do GES - «Vivi dois anos de inferno total» - e assim que soube dos problemas da ESI pediu «imediatamente» uma auditoria e denunciou tudo ao Banco de Portugal. Fez, também, «inúmeras» interpelações sobre a Eurofin
 
4 - Pediu «várias vezes» que o contabilista Machado da Cruz fosse ao conselho superior do GES, mas os pedidos «nunca foram atendidos» por Ricardo Salgado. Daí ter-se demitido da administração da ESI em março de 2014

5 - Só entregou documentação ao BdP em maio, porque, alega, só nesse mês teve acesso ao documento que dava conta da narrativa de «desorganização do grupo e de que ninguém se tinha apercebido de nada». O contabilista deu outra versão aos advogados do Luxemburgo
 
6 - «Nunca» pensou que as holdings estavam insolventes (embora integrasse a administração da ESI). «Sempre» pensou que a dívida ia ser paga

7 - Garante que tentou o seu «melhor» e que o Banco de Portugal «reconheceu» isso, mantendo a sua idoneidade, que lhe permite ser, ainda hoje, presidente do BES Investimento. Sobre a alegada «contrapartida» que teria recebido do BdP por ter denunciado tudo, a que Salgado sugeriu na sua audição, disse que isso era «uma infâmia» e garantiu que «nunca» fez «troca de favores»

8 - «Nunca» detetou «nenhuma disponibilidade» de Salgado para «alternar a governance e se demitir». Tinha uma postura «ditatorial» na condução dos destinos do banco e do grupo
 
9 - Considerou «absolutamente patético» Salgado classificar de «erro» a medida de resolução e que tenha dito que o Banco de Portugal «queria destruir o BES»

10 - Sobre a prenda de 14 milhões de euros que Salgado recebeu do construtor José Guilherme, Ricciardi disse que era «inaceitável» e o ex-presidente do BES «nunca informou» o conselho superior do GES dessa «liberalidade»

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«Fui traído e fui o único que tentou mudar o rumo»
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