Nuno Amado quer BCP na corrida ao Novo Banco - TVI

Nuno Amado quer BCP na corrida ao Novo Banco

Presidente do banco admite que quer participar no concurso, até porque "é importante ter algum banco português no processo de compra", afirma, mas vinca que isso só é possível com autorização de Bruxelas

O Banco Comercial Português (BCP) quer participar no concurso de venda do Novo Banco admitiu esta segunda-feira o presidente, Nuno Amado, vincando que isso só é possível se houver autorização da Comissão Europeia, devido aos auxílios estatais de que o banco ainda beneficia.

"Se tivermos oportunidade de analisar o processo assim o faremos. Mas não depende de nós. Neste momento, depende das negociações entre o Estado português e a Comissão Europeia, porque temos um impedimento", avançou em conferência de imprensa o líder do BCP.

Em causa estão os 750 milhões de euros de instrumentos híbridos (CoCo) que o BCP ainda não devolveu ao Estado português, sendo que ainda esta segunda-feira Nuno Amado adiantou que vai pedir autorização ao Banco Central Europeu (BCE) durante o presente mês para reembolsar até 250 milhões de euros destes instrumentos.

"Acho que é fundamental, porque estamos a entrar numa fase decisiva, que [o processo de venda conduzido pelo Banco de Portugal] evolua de uma maneira diferente da do passado. Terá que se concluir", vincou Nuno Amado.

"É fundamental que esse processo tenha, na minha perspetiva, o maior número de concorrentes possível e o mais diversificado possível. Nesse sentido, o ideal era que algumas instituições financeiras portuguesas pudessem concorrer", assinalou.

E reforçou: "Se nos derem essa possibilidade, estudaremos o processo. O alargamento do número de concorrentes era interessante. Sabemos que não é fácil, nem depende de nós, mas acho que é muito importante".

Mais de 90 agências fechadas até 2018

O BCP quer fechar mais de 90 agências até 2018, divulgou esta segunda-feira a instituição liderada por Nuno Amado, sem adiantar qualquer objetivo para redução de trabalhadores.

"Será um processo normal, nem dogmático nem traumático", disse Nuno Amado, referindo que esses encerramentos serão feitos sobretudo por "fusões de sucursais".

Questionado sobre objetivos de redução de trabalhadores, Nuno Amado disse que a "redução dos gastos recorrentes é uma luta de todos os dias", e que para já não há quaisquer planos de cortes de pessoal relacionados com essa redução de agência.

"Quando houver serei o primeiro a dizer, como sempre", sustentou.

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro trimestre, em que o BCP baixou o lucro líquido em 33,7% para 46,7 milhões de euros, o banco apresentou os objetivos para 2018, entre os quais ter nesse ano menos de 570 sucursais em Portugal.

Esse valor significa o fecho de pelo menos 92 agências, uma vez que no final de março deste ano o banco tinha 662. Este valor já significa menos 9 sucursais do que as que a entidade tinha no final do ano passado.

Em termos de trabalhadores, o BCP fechou março com 7436 trabalhadores em Portugal, menos 23 do que no fim de 2015, quando tinha 7459 colaboradores.

Já se a comparação for com março de 2015, saíram do banco 240 pessoas em termos líquidos nos últimos 12 meses.

O banco quer ainda chegar a 2018 com uma redução do custo por cliente - que neste momento está em 170 euros por ano - para um valor inferior a 160 euros por ano por cliente do retalho.

Fechar venda do ActivoBank a gestora inglesa

O BCP pode fechar já este mês a venda do ActivoBank à gestora de fundos "private equity" Cabot Square Capital, com quem se encontra em negociações exclusivas, caso haja entendimento entre as partes, disse esta segunda-feira o presidente Nuno Amado.

"Acho que o processo vai ser concluído nas próximas semanas. Durante maio", afirmou o gestor durante a conferência de imprensa de apresentação das contas do primeiro trimestre do banco.

"Venderemos, se a oferta fizer sentido, à entidade que está em exclusividade nas negociações neste momento", sublinhou.

No final de março, o BCP disse, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que selecionou a Cabot Square Capital para negociar, "com caráter de exclusividade", a venda do seu banco online Activobank.

"Mais informa que nenhuma decisão final foi ainda tomada em relação à venda do ActivoBank, pelo que nenhuma decisão de investimento deve ser tomada com base na perspetiva sobre o desfecho destas negociações", informou na altura o banco na informação enviada ao regulador dos mercados financeiros.

O ActivoBank, fundado há seis anos, teve em 2015 lucros de 33 milhões de euros, que comparam com os cinco milhões de 2014.

De acordo com o BCP, a entidade com que está agora a negociar em exclusivo a venda do banco online - a Cabot Square Capital LLP - é "uma entidade gestora de fundos "private equity" com cerca de 1.000 milhões de euros sob gestão".

O BCP tinha já lançado a operação de venda do ActivoBank no ano passado, mas interrompeu-a em outubro devido a questões técnicas relacionadas com as relações dentro do grupo, tendo retomado este processo no decorrer deste ano.

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