Black Friday na banca: comprar um vestido não é o mesmo que contrair um crédito - TVI

Black Friday na banca: comprar um vestido não é o mesmo que contrair um crédito

E no caso destas promoções deve ter cuidados acrescidos, concretamente, por quanto tempo se mantém a taxa promocional que agora lhe oferecem e como fica a sua taxa de esforço

A “loucura” dos saldos da Black Friday e Cyber Monday chegou à banca. É ilegal? Não. Mas, acaba por ser um incentivo ao crédito ao consumo, já por si elevado, diz a Deco.

Em declarações à TVI24, o economista da Deco, Nuno Rico, refere que “nada impede dos bancos de fazerem promoções. Até poderia ser saudável se criassem um benefício, mas não foi isso que aconteceu, em geral.”

Salvo raras exceções, de uma primeira “ronda” pelos anúncios de alguns bancos com presença no mercado português, o que o economista verificou foram propostas no sentido da contratação de crédito e incentivo o endividamento, também pela via da utilização de cartões.

“Isso preocupa-me. Já temos os níveis de crédito ao consumo em valores muito elevados [no que toca ao crédito pessoal e cartões de crédito]”, acrescentando que “não bastava o incentivo ao consumo inerente à Black Friday. Agora temos um incentivo ao endividamento.”

Veja também: Portugueses mais endividados e com cartões de crédito

Desde o Santander que, por exemplo, oferece duas mensalidades no primeiro ano dos seguros de Vida ou de Acidentes, até 2 de dezembro. “Benefício que corresponde a um desconto de 16,6% em todos os pagamentos do seguro no primeiro ano”, diz no site. E promove crédito Crédito Pessoal Online a uma Taxa Anual Nominal (TAN) 6,20% e uma Taxa Anual Efetiva Global (TAEG) 10,1%.

Passando pelo “damos crédito à sua Black Friday” do Millenium, com uma proposta de Crédito Pessoal Online à TAN 6,9%.

A Caixa Agrícola também não resistiu e promete 3% de cashback com a Black Friday - os cartões de crédito com cashback permitem receber uma percentagem dos gastos feitos em compras.

O Montepio adere igualmente ao incentivo cashback com a seguinte frase “nesta Black Friday esqueça as filas, utilize o seu cartão de crédito do Banco Montepio e receba 3% do valor das suas compras online.”

No Novo Banco ou CTT não há sinais de campanha. E, mais discreto, o BPI sugere aos clientes prestígio uma taxa de TAN de 0% até 30 de novembro.

Apesar de tudo estar dentro das regras do “jogo”, o responsável lamenta que os bancos não aproveitem a Black Friday ou a Cyber Monday para promover a poupança ou oferecer isenções nas comissões que cobram a quem tem uma conta.

Frisa que a Deco ainda não fez uma análise comparativa destas promoções, mas, à primeira vista das já observadas, o Banco Best surge como o único que promove um leilão de depósito a prazo com uma taxa mais simpática.

“Claramente não aprenderam com os erros do passado”, conclui. A TVI24 confrontou o Banco de Portugal com este tema, mas não obteve qualquer resposta até o momento.

Se ninguém da nada a ninguém e, no limite, o consumidor é que decide. Pense bem antes das decisões de contratar crédito para as compras que vai fazer por estes dias. Lembre-se que TAN e a TAEG são excelentes indicadores para comparar propostas de diferentes instituições financeiras, mas é importante que os critérios de comparação (montante solicitado, prazos de pagamento, etc.) sejam os mesmos. E no caso destas promoções deve ter cuidados acrescidos, concretamente, por quanto tempo se mantém a taxa promocional que agora lhe oferecem e como fica a sua taxa de esforço.

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