Acordo com troika «não permite ficar pela cosmética» - TVI

Acordo com troika «não permite ficar pela cosmética»

Para governador do Banco de Portugal, «alguns problemas [da economia] são tão endémicos como a malária em alguns países». Esta é uma «oportunidade de ruptura com o acien régime»

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O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, defendeu esta sexta-feira que o grande desafio do acordo com a troika é «a ruptura com o ancien régime», considerando que, ao contrário das intervenções anteriores, «não permite ficar pela cosmética».

Segundo a Lusa, no ciclo de conferências «Fórum Ciência e Educação», no Teatro do Campo Alegre, no Porto, Carlos Costa defendeu que «alguns problemas [da economia portuguesa] são tão endémicos como a malária em alguns países», realçando que o programa de ajuda financeira é «uma oportunidade de ruptura com o ancien régime».

O governador do BdP defendeu que «a grande diferença entre este programa e os dois anteriores - 1978 e 1983 - é que este não permite ficar pela cosmética das coisas, não é um antipirético, porque não basta restabelecer a temperatura, tem que se atacar as causas».

Para Carlos Costa, «para acudir de forma duradoura, é preciso o desenvolvimento sustentável da economia portuguesa: romper com o ancien régime, que se instalou desde o reinado de D. João V. Passar do modelo de um estado paternalista para o modelo de uma sociedade moderna».

«Se não tirarmos partido do atual programa de ajustamento, o problema permanece e o país pertence a um clube, onde as regras do jogo são estas, e se não cumprir vai ter cada vez mais dificuldades. Temos uma oportunidade única de pertencer a um clube selecionado, mas para isso temos que nos ajustar aos padrões médios desse clube», declarou numa intervenção sobre «Portugal Face à Economia Global».

Para o governador do BdP, este «não é um processo para cinco anos, é um processo para décadas».

Carlos Costa realçou que «o programa [assinado entre o Governo e a troika] tem 251 medidas e uma grande parte tem a ver com a rotura com o ancien régime, uma mudança que nunca se fez do ponto de vista dos valores», considerando que «o reequilíbrio orçamental é muito mais fácil porque é muito mecânico».

Na sua intervenção, o regulador afirmou que «quando a crise começou, o sector bancário estava numa situação sólida, mas com um debilidade: ter um soberano indisciplinado».

Mais, acrescentou, «não só um soberano, mas também os seus súbditos», sublinhando que os bancos estão expostos «pela via do preço, do volume e do impacto sistémico que o soberano tem sobre o território onde os bancos exercem a sua actividade».
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