Covid-19: Sonae passa de lucro a prejuízos de 59 milhões de euros no trimestre - TVI

Covid-19: Sonae passa de lucro a prejuízos de 59 milhões de euros no trimestre

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  • 20 mai 2020, 23:48
Sonae

Grupo passou de lucro a prejuízos de 59 milhões de euros no primeiro trimestre, face a igual período de 2019, devido a contingências relacionadas com a pandemia de Covid-19

A Sonae passa de lucro a prejuízos de 59 milhões de euros no primeiro trimestre, face a igual período de 2019, devido a contingências relacionadas com a pandemia de Covid-19, anunciou o grupo esta quarta-feira.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sonae refere que a "queda no resultado líquido é explicada exclusivamente pelo registo prudente de contingências contabilísticas ('non-cash'), no total de 76 milhões de euros, diretamente relacionadas com a pandemia covid-19 e, em particular, com o encerramento forçado da atividade em vários negócios".

A Sonae refere que "excluindo estes impactos contabilizados por prudência, e apesar do encerramento forçado de algumas operações, o resultado líquido da Sonae estaria em linha com o ano anterior". No primeiro trimestre de 2019, o grupo registou lucros de 18 milhões de euros.

O volume de negócios subiu 7,1% no período em análise, para 1.552 milhões de euros, "impulsionado sobretudo pelo forte contributo da Sonae MC (+14% em termos homólogos)".

O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu 4,6% para 128 milhões de euros, "uma vez que o impacto do menor resultado pelo método de equivalência patrimonial superou o impacto positivo da mais-valia resultante da transação Prime da Sonae Sierra", refere o grupo que tem a cadeia Continente, salientando que "a linha de resultado pela equivalência patrimonial foi negativamente impactada pelo resultado líquido" da operadora de telecomunicações NOS no trimestre, "que inclui já contingências relacionadas com o surto pandémico".

A dona da cadeia de supermercados Continente refere que o desempenho da Sonae no trimestre foi marcado por dois momentos distintos: "o período de janeiro e fevereiro, com desempenhos positivos em todos negócios" e "o período desde março, com o início do surto de covid-19, marcado pelo forte impacto em alguns dos negócios, positivo no caso do desempenho de vendas da Sonae MC e negativo na Sonae Sierra, na Worten em Espanha e na Sonae Fashion, visto terem sido forçados a suspender as suas operações desde meados do mês".

Relativamente ao EBITDA subjacente, a Sonae terminou o trimestre com 100 milhões de euros, menos 2,4% face a 2019, sendo que "esta ligeira redução é mais do que explicada pela desconsolidação de dois centros comerciais (consequência da transação Prime) nas contas estatutárias da Sonae Sierra". Sem este impacto contabilístico, o EBITDA subjacente do grupo "teria crescido 5%, apesar do forte impacto da pandemia na rentabilidade operacional da Sonae Fashion desde meados de março", explica.

A Sonae adianta que o resultado direto foi também "significativamente impactado por provisões extraordinárias para 'stocks', tanto na Worten como na Sonae Fashion, diretamente relacionadas" com a pandemia.

No total, e por razões de prudência num tempo de grande incerteza, foram registados 44 milhões de euros de provisões para 'stocks' no trimestre", explica o grupo.

O resultado indireto "foi impactado por provisões no montante de 18 milhões de euros relacionadas com projetos de desenvolvimento da Sonae Sierra – uma vez mais em resultado de uma visão prudente do potencial impacto da atual pandemia nos projetos em curso".

A dívida líquida total diminuiu 468 milhões de euros em termos homólogos, ou 27,5%, para 1.233 milhões de euros.

O investimento no trimestre foi de 60 milhões de euros, dos quais 46 milhões realizados pela Sonae MC (que tem o Continente).

O importante papel social da Sonae e das suas participadas traduziu-se também ao nível do emprego, sendo de destacar a criação de mais de 2.000 postos de trabalho na área de retalho alimentar nos últimos 12 meses", refere.

A Sonae MC (retalho alimentar) cresceu 14% , para 1.194 milhões de euros, "apesar de formatos fechados e condicionamentos devido à pandemia", salienta o grupo.

Após um bom começo de ano, com um forte desempenho das vendas em janeiro e fevereiro, a primeira quinzena de março registou níveis de crescimento sem precedentes. Neste período, os formatos de retalho alimentar registaram crescimentos de vendas LfL ['like-for-like', ou seja, vendas em lojas que operaram sob as mesmas condições no período em análise] de dois dígitos, com o canal 'online' a atingir níveis extraordinários de encomendas que levaram a Sonae MC a triplicar a sua capacidade de entrega", explica a Sonae.

O EBITDA subjacente da Sonae MC foi de 96,5 milhões de euros.

No retalho de eletrónica, a Worten registou um volume de negócios de 232 milhões de euros, em linha com o ano passado.

A pandemia teve um "impacto muito significativo" nos negócios da Sonae Fashion, levando ao encerramento total das lojas, o que levou a "uma queda de 49% das vendas em março em termos homólogos". A Sonae adianta que "parte deste impacto severo nas vendas foi compensado por um desempenho muito positivo do canal 'online' e, assim, a Sonae Fashion" registou no trimestre um volume de negócios de 78 milhões de euros, menos 19% que um ano antes. O EBITDA subjacente foi de 900 mil euros.

Apesar de não poder apresentar informação detalhada sobre o desempenho operacional da ISRG - Iberian Sports Retail Group, adianta que "o negócio manteve o mesmo nível de desempenho dos trimestres anteriores, com taxas de crescimento de dois dígitos nas vendas e no EBITDA".

A Sonae FS "foi capaz de terminar o trimestre com um crescimento significativo face ao ano passado, com o volume de negócios a aumentar 14,4% para 9,4 milhões de euros e com o EBITDA subjacente a fixar-se em 2,1 milhões".

A Sonae IM registou um volume de negócios de 26 milhões de euros, abaixo do registo um ano antes.

Todos os negócios da Sonae "serão materialmente impactados"

A presidente executiva da Sonae, Cláudia Azevedo, afirmou  que os "próximos meses serão duros" e que todos os negócios do grupo serão, "de uma forma ou outra, materialmente impactados" pela pandemia de covid-19.

No comunicado dos resultados do primeiro trimestre, Cláudia Azevedo refere que a pandemia coloca "todos à prova" e que a resposta coletiva "demonstra a capacidade" que o grupo tem de "unir forças e agir em conjunto por um propósito comum".

A executiva destaca, "em particular, os esforços notáveis" em "manter abertas todas as nossas lojas de retalho alimentar e eletrónica"; em "adaptar todas" as operações de 'e-commerce' de forma a sustentar um forte aumento de 3-5x nas vendas 'online'"; e manter as redes de telecomunicações [NOS] "a operar sob níveis recorde de tráfego".

Este contexto "demonstra também a qualidade e a resiliência do nosso portefólio de ativos. Em tempos difíceis para muitas empresas em todo o mundo, o portefólio diversificado de negócios líderes da Sonae oferece-nos a garantia de que iremos atravessar esta tempestade e sair dela mais fortes. Esta confiança é reforçada pela nossa abordagem conservadora em termos de alavancagem e financiamento, que nos permite enfrentar os próximos meses com os olhos postos no dia seguinte à crise", considera Cláudia Azevedo.

No entanto, os próximos meses serão duros e todos os nossos negócios serão, de uma forma ou outra, materialmente impactados", aponta.

"Neste sentido, e por razões de prudência, registámos já no primeiro trimestre um conjunto significativo de contingências 'non cash', no sentido de antecipar futuros impactos, nomeadamente na NOS, Sonae Fashion, Worten e Sonae Sierra", prossegue a presidente executiva.

Além disso, nesta fase todos os nossos negócios estão a implementar iniciativas de preservação de recursos financeiros, não deixando de cumprir compromissos anteriormente assumidos e sem perder de vista oportunidades de investimento atrativas. Dada a capacidade de adaptação que as nossas pessoas e os nossos negócios têm demonstrado, estou mais certa do que nunca de que superaremos esta adversidade e estaremos preparados para responder rapidamente às mudanças estruturais que, sem dúvida, moldarão o nosso futuro", considera a gestora.

Cláudia Azevedo recorda que, em março, a pandemia atingiu as principais geografias da Sonae num "desafio sem precedentes".

Embora todos os nossos negócios tenham sido fortemente impactados por esta situação, tenho orgulho em afirmar que a nossa reação tem sido notável", nos últimos dois meses "testemunhei o modo como cada um dos nossos negócios e equipas se adaptou rapidamente a este novo contexto", destacou.

O volume de negócios subiu 7,1% no período em análise, para 1.552 milhões de euros.

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