Andam a oferecer-lhe crédito pré-aprovado? Cuidado - TVI

Andam a oferecer-lhe crédito pré-aprovado? Cuidado

Negócio da banca é dar crédito e receber depósitos, por isso é normal que o aliciem, mas veja bem o que contrata em matéria de crédito, sobretudo o especializado

As instituições de crédito especializado concederam mais de nove mil milhões de euros em 2017. Este ano os números continuam a aumentar.

Os bancos continuam a oferecer crédito para tudo o que possa desejar. E se é legítimo, porque se trata de uma das vertentes do seu negócio, também é normal que não ceda a qualquer "tentação" quando o tema é mais um crédito para, por exemplo, ir de férias. Para nos ajudar a refletir sobre este tema, a diretora  e coordenadora nacional da DS Crédito, Marta Almeida, esteve no espaço da Economia 24 do "Diário da Manhã" da TVI.

Que tipo de dificuldades aparenta quem procura um crédito especializado?

As maiores dificuldades prendem-se com alguma falta de informação que existe porque a concessão de crédito continua a aumentar, consequência também de um aumento da procura. Claro que os portugueses podem e vão continuar a pedir crédito, mas, muitas vezes, mais do que encontrar o financiamento temos que perceber as motivações desse cliente para contrair um crédito.

Se olharmos para a realidade os números do crédito aumentaram, desde a habitação ao consumo, mas se houvesse mais informação as pessoas poderiam não estar a comprar dinheiro a um preço tão caro.

Porque as taxas, neste tipo de créditos especializados são mais elevadas?

Sim. O Banco de Portugal, com a nova regulamentação, que entrou em vigor em janeiro, já reforça o alerta, com mais informação para que o cliente bancário possa perceber o que está a “comprar”. Concretamente, olhar atentamente para a Ficha de Informação Normalizada Europeia – FINE, que, hoje, é entregue ao cliente, e onde vai encontrar uma série de informação, nomeadamente, todas as variáveis do custo efetivo do empréstimo.

Mesmo nos créditos especializados a FINE é obrigatória?

Sim. É obrigatória para qualquer tipo de crédito. E será possível perceber, quer em termos percentuais – no caso da Taxa Anual Efetiva Gera (TAEG) – quer em termos de montante efetivo, o custo que esse financiamento vai ter no final de determinado prazo, através do MTIC – Montante Total Imputado ao Consumidor.

A prudência aconselha a que não tenhamos muitos créditos, mas haverá um limite razoável?

Mais uma vez o Banco de Portugal definiu limites às instituições financeiras, que vão entrar em vigor a partir de julho.

Nos créditos à habitação deve haver uma atenção acrescida em relação ao LTV – rácio que mede a relação entre o financiamento que estamos a pedir e o valor da garantia que o cliente está a dar. Acresce a taxa de esforço, que cada agregado familiar não deve ultrapassar. Deve ser na ordem dos 35 a 40% do rendimento, não mais que isto.

Que atenção devo ter se o banco me “oferecer” um crédito pré-aprovado?

É normal que isso esteja a acontecer. Como as regras que referi vão entrar em vigor em julho, os bancos têm que vender dinheiro, por tanto, quanto mais fácil – já lhe estão a dar o crédito pré aprovado, basta que assine – melhor, mas temos que ter cuidado.

O que dizemos aos clientes é que poderão haver outras soluções, nomeadamente, quem tem crédito à habitação pode fazer uma negociação em que vai buscar liquidez para fazer face a algumas necessidades que levam à procura desse crédito, mais especializado no momento, e a uma taxa muito mais reduzida. Estamos a falar de coisas incomparáveis.

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