E porquê? O que pode, então, acontecer agora à Grécia? Uma vez rejeitado pelo Eurogrupo o pedido de extensão do programa de resgate, como irá acordar o país na segunda-feira?
Para tentar controlar os estragos, os governadores do Banco Central Europeu reuniram-se este domingo de emergência. A BBC chegou a avançar que estes se preparavam para fechar a linha de emergência de liquidez (ELA) que tem financiado os bancos gregos, mas o BCE preferiu mantê-la, mas não reforçá-la, o que, a continuar a fuga de depósitos, irá necessariamente colocar os bancos gregos em maus lençóis nos próximos dias.
A Grécia pode ser assim obrigada a anunciar um feriado bancário esta semana e a impor medidas de controlo de capitais. Isto é, os bancos podem nem abrir esta segunda-feira, impedindo a fuga de depósitos que se tem acentuado nos últimos dias.
O conselho de estabilidade financeira grego vai reunir-se já esta tarde para analisar estas hipóteses e o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, admite ambas.
.@yanisvaroufakis tells @BBCMarkMardell: Greek Govt will be looking overnight at imposing capital controls & closing banks on Monday. #tw2
— Nick Sutton (@suttonnick) 28 junho 2015
Quando a BBC divulgou esta parte da entrevista, Varoufakis utilizou também o Twitter para esclarecer que não gosta da ideia do controlo de capitais.
Capital controls within a monetary union are a contradiction in terms. The Greek government opposes the very concept.
— Yanis Varoufakis (@yanisvaroufakis) 28 junho 2015
As medidas de controlo de capitais podem passar por um limite nos levantamentos bancários ou nas transferências para outros países, conforme explicou o editor de Economia da TVI , Vasco Rosendo.
A reação dos mercados esta segunda-feira será mais ou menos previsível: a bolsa de Atenas deverá cair e arrastar outras bolsas europeias. Os efeitos, esses, ainda são imprevisíveis.
No entanto, há responsáveis europeus que não descartam, desde já, o cenário da saída da Grécia do euro .
Ainda este domingo, o ministro das Finanças austríaco afirmou, em entrevista ao Die Presse , que isto "parece quase inevitável”.
Certo é que, a menos que as próximas horas tragam uma negociação de última hora, o programa de resgate vai terminar na terça-feira. Ou seja, no próximo domingo, quando os gregos votarem a proposta dos credores no referendo, esta poderá já nem ser válida, como alertou a diretora do FMI .
No entanto, ainda há uma réstia de esperança . Mesmo com palavras duras perante o parlamento grego, Alexis Tsipras continuou a garantir que está interessado em negociar.
"A nossa intenção de obter um compromisso de honra estará sempre sobre a mesa."
Uma das vozes mais pacíficas nas últimas horas foi a do primeiro-ministro francês, que apelou ao Governo grego a "voltar à mesa das negociações".
"As negociações não foram concluídas”, frisou Manuel Valls, acrescentando ainda que o referendo será "a escolha do governo grego, que não pode ser criticada".
Também os credores, como Christine Lagarde, continuam a assegurar que ainda estão dispostos a negociar uma solução essencialmente política que ainda evite que a Grécia entre na bancarrota e possa arrastar alguns parceiros europeus. Como Portugal.