Portugal tem de decidir se fica no euro: regras vão apertar - TVI

Portugal tem de decidir se fica no euro: regras vão apertar

Debate OE2012 (Tiago Petinga (Lusa)

Pressão dos credores irá aumentar. Será que aguentamos?

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Para uns Portugal não tem futuro. Para outros tem uma escolha a fazer: se quer estar ou não no euro. Mas uma coisa é certa: as regras vão ser mais severas.

Para David Marsh, historiador do euro e presidente do Fórum das Instituições Monetárias e Financeiras Oficiais (FIMFO), em entrevista à Lusa, é Portugal quem tem de tomar essa decisão, admitindo que ninguém vai querer expulsar o país da moeda única.

No entanto, David Marsh avisa que a pressão dos credores para Portugal fazer reformas será cada vez maior. Uma crise que é também europeia e onde se pergunta: afinal, quem são os vilões?



«É muito duro, muito exigente, muito desagradável, mas nós vivemos num mundo inclemente. Os países credores, que financiam neste momento os países do Sul da Europa, vão ser cada vez mais e mais duros e vão dizer: Lamentamos muito, sabemos que vocês em Portugal já fizeram muito, mas ainda não fizeram o suficiente. Vão também dizer que um país como Portugal andou a viver acima das suas possibilidades», explicou à Lusa o presidente da consultora de gestão SCCO ao FIMFO, que reúne líderes de bancos centrais, fundos soberanos e responsáveis políticos e empresariais do setor financeiro.

«Vão também dizer que ter vivido acima das suas possibilidades dá a Portugal mais espaço de manobra, mais gordura para cortes. É isso que os países credores vão dizer».

Por enquanto, Passos descarta, mas com cautela, mais medidas de austeridade, afirmando que «não há nada nesta altura que aponte nesse sentido».

E o futuro?

David Marsh disse ainda que faz falta uma Comissão de Verdade e Reconciliação sobre a crise da dívida soberana europeia, para esclarecer o que correu mal na moeda única.



«Não é para apontar culpas, mas para ver onde é que o projeto do euro correu mal. Por isso, acho que é necessário fazer uma Comissão de Verdade e Reconciliação, nalgum momento, para ver onde é que foram cometidos erros».

Para já Marsh desenha três cenários possíveis para a Europa: «É concebível que possamos prosseguir para um centro da Zona Euro mais radicalmente institucionalizado e mais coeso, com diversos países a decidir-se pela soberania política comum e partilhada. É uma possibilidade real, mas teria de ser um euro mais pequeno do que temos agora».

«A outra possibilidade é continuarmos a ter um grupo de países relativamente livre, onde o dinheiro é interligado através do Banco Central Europeu, com governos ainda muito diferentes, mas que têm de seguir as regras muito rigorosamente. Isto também aponta para um euro mais pequeno».

Uma outra possibilidade, diz ainda o historiador do euro, é uma Zona Euro com duas áreas, uma maior no Norte da Europa e uma mais pequena no Sul, onde o câmbio poderia flutuar de forma mais livre.
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