Constâncio ligou a Costa, para quem é "absurdo" BCE falar de sanções - TVI

Constâncio ligou a Costa, para quem é "absurdo" BCE falar de sanções

Debate quinzenal

Primeiro-ministro deu conta do telefonema do vice-presidente do Banco Central Europeu, na sequência de notícias que questionavam a responsabilidade do português no relatório que recomenda outra vez sanções a Portugal

António Costa vê como "absurdo" que o Banco Central Europeu venha agora recomendar sanções a Portugal, alegando que o país não merece, tem mostrado resultados e dentro de dois dias haverá, antecipa, o trunfo do défice que será divulgado pelo INE. O número dois do BCE, Vítor Constâncio, chegou mesmo a ligar ao primeiro-ministro por causa do assunto. 

Fui contactado por Vítor Constâncio, depois de notícias sobre a sua responsabilidade neste relatório. Teve gentileza de me informar que não participou de forma alguma na elaboração do relatório ou qualquer reunião em que tenha sido aprovado".

Posturas políticas à parte, "se já relativamente ao exercício de 2015 era absurdo falar de sanções, mais absurdo se torna agora", apontou o primeiro-ministro, no debate quinzenal, no Parlamento, quando questionado por Assunção Cristas sobre o relatório do BCE.

Explicou que o relatório do BCE é "técnico, que não faz avaliação própria, mas pronuncia-se sobre relatório da Comissão" que recentemente fez críticas sobre os desequilíbrios macroeconómicos de que a instituição liderada por Mario Draghi fala agora. E esse relatório da comissão versou sobre dados "desatualizados" e previsões que a realidade veio contrariar.

Para além disso, o Programa Nacional de Reformas, aprovado por Bruxelas em abril, não poderia, segundo o primeiro-ministro, dar frutos em tão pouco tempo. "Só um híper optimista híper irritante é que acreditaria" nisso.

Não valorizamos significativamente esse relatório, tal como o Presidente da República recomendou"

O primeiro-ministro lembrou ainda que sexta-feira teremos os números finais do INE sobre o défice de 2016 e que, segundo as previsões do Governo, não será superior a 2,1%. "A confirmarem-se amanhã significa melhor défice de 42 anos em democracia, e pela primeira vez abaixo dos 3%, como ficámos quatro décimas abaixo do limite fixado pela Comissão Europeia".

Palavras polémicas de Dijsselbloem

Assunção Cristas aproveitou para associar a família política do socialista Vítor Constâncio para invocar outro episódio polémico desta semana. "Quanto a socialistas europeus, estamos escaldados com o vosso parceiro político referindo-se aos países do Sul".

A líder do CDS-PP referia-se a Jeroen Dijsselbloem, que disse que esses países, Portugal incluído, gastaram o dinheiro todo em "copos e mulheres" e depois pediram ajuda.

Perante o comentário, Costa disse que não faz "divisão de famílias políticas ou critérios geográficos". 

Não tenho evitado censurar elementos do PPE quando têm atitudes injustas com Portugal como o Shauble, e não desistirei de dizer o que tenho a dizer quando mesmo alguém que se invoca trabalhista utiliza uma linguagem sexista, racista e xenófoba, ofensiva dos portugueses como foi o caso do senhor Dijsselbloem". 

Também pelo PSD, Luís Montenegro disse que o seu partido "repudia com veemência" as palavras do presidente do Eurogrupo."Venham de um socialista, como é o caso, ou de um responsável de outra família política, a verdade é que este tipo de declaração é imprópria, é indigna e inaceitável."

O líder parlamentar social-democrata destacou o esforço dos portugueses nos tempos da crise. "Quem não respeita isto só tem um caminho e o caminho é ir embora."

 

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