Começou, esta quinta-feira, o primeiro de dois períodos de greve dos trabalhadores dos CTT que coincide com a quadra natalícia e o final do ano. A paralisação arrancou oficialmente à meia-noite e estende-se até amanhã neste primeiro período. A empresa e os sindicatos têm números substancialmente diferentes em termos de adesão.
Foi anunciado, há dois dias, um plano de reestruturação dos correios, que pode levar à saída de 800 trabalhadores nos próximos três anos, o que veio dar nova dimensão a esta greve, marcada a 11 de dezembro, para reivindicar melhores condições de trabalho e a reversão da privatização dos CTT.
Os sindicatos preveem que haja uma forte adesão dos trabalhadores. No centro de distribuição de Cabo Ruivo, em Lisboa, os efeitos da greve começaram a fazer-se sentir ainda antes da meia-noite. Há vários turnos, sendo que a partir das 21:00, os trabalhadores já não se apresentaram.
Num primeiro balanço, os sindicalistas do SNTCT deram conta de uma adesão de 80% no turno da noite (veja o vídeo, em cima), nos três dos centros de tratamento: Lisboa, Porto e Coimbra.
Já os CTT têm números de adesão bastante diferentes. Em comunicado, informam que, "tendo procedido ao registo no sistema de processamento de ordenados dos trabalhadores aderentes à greve, apurou uma taxa efetiva de adesão de apenas 17,2%".
A distribuição postal continua, portanto, a ser prestada durante o dia de hoje, não tendo esta paralisação cumprido o seu objetivo de interromper o serviço aos clientes. No respeitante às lojas, a greve também não cumpriu o objetivo, uma vez que das cerca de 608 lojas CTT apenas duas (Madeira Shopping e Óbidos) aderiram à greve, tendo qualquer uma delas alternativas próximas".
A administração diz que "a maioria da população não deverá sentir qualquer efeito da greve". Informa, também, que nos locais onde "eventualmente se sentirem constrangimentos" os CTT procederão a uma distribuição extraordinária de correio este sábado, 23 de Dezembro.
A correspondência vai ficar por distribuir nestes dois dias, mesmo à porta do Natal, e vai piorar um serviço que dizem já estar deteriorado. A população vai sentir os efeitos da greve sobretudo na distribuição do correio azul.
A situação nos CTT foi dos principais temas do último debate quinzenal, que ocorreu ontem no Parlamento. Confrontado pela oposição - com PCP e BE a quererem voltar a nacionalizar os Correios de Portugal, primeiro-ministro disse que o Governo não recebeu qualquer proposta ou pedido de reestruturação por parte dos CTT.
"Não é intenção do Governo nacionalizar os CTT", afirmou António Costa. Um eventual "resgate" "pôr-se-á ou não nos termos do contrato e nos termos da avaliação que cabem à ANACOM".
Os CTT empregam 12 mil trabalhadores, dos quais cerca de sete mil são da área operacional (rede de transportes, distribuição e carteiros). Na terça-feira, a empresa divulgou um plano de reestruturação que prevê a redução de cerca de 800 postos de trabalho nas operações da empresa ao longo de três anos, devido à queda do tráfego do correio.
De acordo com o SNTCT, a Comissão Executiva dos CTT informou os representantes dos trabalhadores de que pretende reduzir o número de trabalhadores, entre 600 e 700, durante os próximos três anos, com especial incidência em 2019 e 2020.
O sindicato lembra que o pessoal foi sendo reduzido, de tal forma, que a qualidade do serviço está posta em causa.