Sem marcha, tasquinhas nem aglomerações. O 1.º de Maio em tempos de pandemia - TVI

Sem marcha, tasquinhas nem aglomerações. O 1.º de Maio em tempos de pandemia

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  • 1 mai 2020, 17:08

A pandemia de Covid-19 não afastou centenas de pessoas da Alameda, em Lisboa, para condenarem as "agressões laborais". Organizaram-se em fileiras para evitarem aglomerações

A pandemia não impediu que centenas de pessoas enchessem esta tarde os relvados da Alameda, em Lisboa, para celebrar o 1.º de Maio, este ano com máscaras, além das bandeiras, para pedir o “fim das agressões laborais”.

Ao contrário dos anos anteriores, não houve a tradicional marcha pela Avenida Almirante Reis, nem se vislumbraram as habituais tasquinhas, onde muitos costumam acorrer para refrescar a garganta.

Também o grande palco, geralmente colocado junto à fonte luminosa, foi substituído por um palco móvel da CGTP, e foi dele que a secretária-geral, Isabel Camarinha, fez a sua intervenção político-sindical.

Apesar de todas as condicionantes, impostas pelo surto da covid-19, foram muitos aqueles que se recusaram a ficar em casa e quiseram sair à rua para expressar o seu descontentamento.

Os trabalhadores continuam a ser agredidos todos os dias. Neste tempo de pandemia está a existir uma grande fragilidade. O teletrabalho, toda esta modificação das empresas e os constantes lay-off”, afirma à agência Lusa Liliana Rosa.

Acompanhada por alguns familiares, esta terapeuta da fala, de 31 anos, conta que está a recibos verdes e que essa condição a fragiliza ainda mais, queixando-se da falta de apoio do Estado.

Tivemos que encerrar a nossa atividade, sem qualquer tipo de suporte. A Segurança Social não está a dar as respostas”, lamenta.

Uns metros mais à frente, Branca Gaspar, pertencente ao sindicato dos professores, vai ajudando os “camaradas” a organizarem-se numa das centenas de fileiras que foram criadas para evitar aglomerações e garantir o distanciamento físico exigido.

Não foi fácil convocar camaradas porque alguns já não são da região de Lisboa. Este é um momento simbólico e nós não podíamos ficar confinados em casa. Nunca falhamos desde que somos democracia”, sublinha.

A pertinência de celebrar o 1.º de Maio, mesmo em tempo de pandemia, foi também sublinhanda pela técnica de Saúde Isabel Dias, que se desloca todos os anos à Alameda.

Temos que nos unir nestes tempos difíceis para, realmente, lutar pelos nossos direitos. É complicado porque as famílias estão isoladas, mas temos de ter paciência”, observa.

Ao longo desta celebração foram vários os apelos da organização para que se respeitassem as distâncias de segurança e para que deixassem “os momentos de convívio para outras ocasiões”.

Dezenas de elementos da PSP acompanharam de perto esta ação, não se tendo registado qualquer incidente.

Portugal regista esta sexta-feira 1.007 mortos associados à Covid-19, mais 18 do que na quinta-feira, e 25.351 infetados (mais 306), indica o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção Geral da Saúde.

Comparando com os dados de quinta-feira, em que se registavam 989 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1,8%.

Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (25.351), os dados da DGS revelam que há mais 306 casos do que na quinta-feira, representando uma subida de 1,2%.

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