«Casados» com a troika: o que mudou nas nossas vidas - TVI

«Casados» com a troika: o que mudou nas nossas vidas

Malparado recorde. Casas entregues aos bancos. Famílias de olho nas marcas brancas. Férias, quando existem, são com recurso a promoções na Internet. Saúde mais cara. Carteira mais magra. Eis o balanço de um ano de troika

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Viver com a troika. Portugal passou o último ano na companhia da ajuda externa, sem a qual teria caído na bancarrota. O Governo reconhece que as medidas de austeridade que todos sentimos na pele são «duras», mas necessárias, enquanto a oposição diz que se estão a cumprir os piores pressários. Mas, afinal, o que mudou na vida dos portugueses?

As estatísticas falam por si: o crédito malparado na habitação está bater máximos, dificultando a vida das famílias com empréstimos. Mesmo a queda das Euribor não chega para atenuar os efeitos da crise.

Apesar de agora se pagar menos pelo crédito à habitação, o malparado tem aumentado, com a cobrança duvidosa a subir 172 milhões de euros entre abril de 2011 e janeiro deste ano. Os 2.146 milhões de euros de malparado registado no primeiro mês deste ano são mesmo o valor mais elevado desde pelo menos 1997. Para piorar, são também cada vez mais as casas entregues aos bancos.

Depois, os portugueses compram menos carros. As vendas caíram para metade só em março. E, quem tem carro usa-o cada vez menos por causa dos preços recorde dos combustíveis.

A entrada da troika em Portugal levou também a uma reforma profunda nos transportes públicos, marcada por dois aumentos dos preços no último ano e uma queda no número de passageiros.

A crise chegou à mesa de refeição das famílias. O consumo de marcas brancas aumentou 3,6% desde o ano passado. Produtos relacionados com a higiene do lar, higiene pessoal, bebidas e alimentação têm uma quota de 36,3% no segmento de marca própria.

Quanto ao consumo de eletricidade, caiu 7,3% em março: 2% por efeitos da temperatura e o restante por causa do abrandamento económico e da poupança das famílias segundo a Lusa.

Férias deixaram de existir para alguns. Os que ainda tentam procuram cada vez mais empresas especializadas em promoções na Internet. Os sites nacionais apresentam em média entre 500 a 600 promoções diárias. Inúmeros restaurantes também já aderiram a promoções nos sites para fugir à crise, mas acabam por avançar «para o precipício« devido aos custos da iniciativa. Há quem seja obrigado a fechar portas.

A este propósito, a Deco recebeu uma centena de reclamações de clientes que fizeram compras em empresas de cupões de desconto na internet e não receberam os produtos ou serviços nem foram reembolsados.

Depois, deve estar bem lembrado, as taxas moderadoras aumentaram, os subsídios de férias e de Natal foram cortados na função pública e a todos os portugueses foi aplicada uma sobretaxa sobre o subsídio de Natal do ano passado.

Estas, entre outras medidas emblemáticas de um ano que vai ficar na história, terão continuidade. Afinal, os subsídios só serão repostos lá para 2015, e de forma gradual.
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