Compra de carros caiu 600 milhões de euros em Portugal - TVI

Compra de carros caiu 600 milhões de euros em Portugal

Agência Financeira

Sector em risco já foi obrigado a cancelar Salão Automóvel

A compra de carros em Portugal caiu cerca de 600 milhões de euros até Agosto, uma situação que está a colocar em risco o sector automóvel e que já provocou a anulação do Salão Automóvel de Portugal, previsto para 04 de Novembro.

O mercado de ligeiro de passageiros, segundo dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), está a cair 22,5 por cento nos primeiros oito meses do ano, quando comparado com o mesmo período do ano passado.

Contas feitas, foram vendidos menos 33.171 carros novos. Ora, tendo em atenção que o valor médio pago por um carro novo é de 18 mil euros, segundo dados fornecidos pela empresa Fleetdata, o sector perdeu uma receita de 600 milhões de euros.

Roberto Gaspar, responsável da Fleetdata, explicou à Lusa que o preço médio de venda de um carro em Portugal está nos 20 mil euros, mas aplicando os descontos que as marcas normalmente costumam fazer, esse valor desce para 18 mil euros.

Os responsáveis pelas marcas, contactados pela Lusa, dizem que o mês de Setembro será ainda mais gravoso em termos de vendas e as perspectivas para o final do ano não são nada animadoras, até porque, para além da retracção no consumo devido à crise, o imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal «vai afectar as vendas de automóveis que são feitas nesta época do ano», refere Miguel Tomé, da Opel Portugal.

A ACAP vai divulgar na segunda-feira os números mais recentes das vendas, mas a expectativa é de «um agravamento da situação de mercado», como disse à Lusa o secretário-geral da organização, Hélder Pedro.

Top das marcas: quem menos vende?

Das marcas que dominam o mercado nacional, as que mais caem relativamente a 2010, segundo dados da ACAP, são a Toyota (48,9 por cento), a Chevrolet (45,8 por cento), a Renault (32,5 por cento), a Seat (25,5 por cento), a Ford (24,2 por cento) e a Fiat (23,5 por cento).

As únicas que não estão no «vermelho» de entre o «top 15» são a Nissan (3,9 por cento) e a Hyundai (3,4 por cento).

Com melhor performance, mas com valores negativos, destacam-se ainda a Volkswagen (-9,3 por cento), a BMW (-16,9 por cento), a Opel (-17,4 por cento) e a Mercedes (-17,6 por cento).

Estado arrecada menos 101 milhões de ISV

A queda abrupta nas vendas de carros provocou uma quebra nas receitas do imposto sobre veículos (ISV) em 101 milhões de euros, segundo dados da execução orçamental de Setembro.

O ISV está com uma quebra de receitas de 17,5 por cento, que passou de 579,5 milhões de euros em 2010 para 478,1 milhões de euros este ano. Numa altura em que as receitas dos impostos indirectos estão em queda, com excepção do IVA e IUC (Imposto Único de Circulação), o imposto sobre os automóveis é o que mais cai, justificado pelas Finanças por uma «acentuada contracção na venda de veículos».

O sector mostra-se bastante preocupado com o que o Orçamento do Estado poderá trazer para 2012, até porque o memorando assinado com a troika refere que se devem «aumentar os impostos especiais sobre o consumo para obter uma receita de, pelo menos, 250 milhões de euros», em particular, entre outros, através do «aumento do imposto sobre veículos e corte de isenções».
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