Corte: subsídio por morte nem chega para um funeral habitual - TVI

Corte: subsídio por morte nem chega para um funeral habitual

De luto por Portugal

Funeral social ronda os 400 euros, a que acrescem taxas que podem ultrapassar os 700 euros

O subsídio por morte, com a redução anunciada no Orçamento do Estado para 2013, vai ser insuficiente para realizar um funeral «habitual», considera o presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas (ANEL), Carlos Almeida.

«Os 1.200 euros de que se fala não chegarão para a maioria das pessoas que quer fazer um funeral dito mais habitual», disse à Lusa o responsável, por altura do início o salão iternacional do setor funerário e arte sacra, de nome Ambifuner, em Lisboa.

De acordo com a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, o Governo quer cortar para metade o subsídio por morte, que é atribuído aos familiares a cargo dos aposentados por morte destes, limitando o valor a 1.257,66 euros.

Carlos Almeida esclareceu ser impossível traçar uma média de preços de um funeral devido à disparidade de taxas cobradas, por exemplo, nos alugueres dos espaços das igrejas e pelas câmaras municipais.

Ainda assim, exemplificou: «Um funeral de alguém que tenha morrido na Amadora e que venha ser cremado a Lisboa, a taxa de cremação vai quase aos 400 euros, contra uma taxa de 120 euros que essa mesma câmara cobra a um residente. Se somarmos a esses 400 euros, 300 e algo da utilização da capela você tem logo de custos 700 e tal euros».

O presidente da ANEL salientou que todas as funerárias têm nas suas tabelas de preços um funeral denominado social, atualizado todos os anos, que neste momento se encontra perto dos 400 euros.

Setor não escapa à crise

o setor das agências funerárias não escapa ao impacto das medidas de austeridade devido aos menores rendimentos das famílias.

«Não foge à regra, ou seja, a precariedade com que as pessoas sobrevivem com os cortes sucessivos que são dados quer ao nível do rendimento do trabalho quer ao nível das regalias sociais que são inerentes por óbito de alguém com certeza leva a uma contração mais complicada ainda», afirmou Carlos Almeida.

Mesmo que haja alterações na taxa de mortalidade, isso não será necessariamente melhor para as empresas, uma vez que se as famílias não tiverem recursos «para fazer o pagamento do funeral tudo isto é uma bola de neve», explicou.

O presidente da ANEL destacou a introdução dos «seguros de funeral», que na opinião do dirigente associativo, criam um novo intermediário que vai «influenciar a escolha das pessoas» pela negativa.

De acordo com o responsável da ANEL, a larga maioria das empresas funerárias em Portugal são pequenas companhias familiares que empregam até nove pessoas.

As 800 a 900 empresas existentes contam com perto de 1.400 estabelecimentos por todo o país, afirmou Carlos Almeida.

O presidente da associação afirmou que tem havido mudanças na forma de encarar a morte em Portugal, com uma crescente adesão a cursos de formação de profissionais técnicos do setor, dando o exemplo dos 133 inscritos só na Grande Lisboa.
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