IVA: «PSD deve parar o disfarce»

Eduardo Catroga admite que acabar com a taxa intermédia do IVA podia servir para compensar a redução da Taxa Social Única. Ao «Jornal Público», o coordenador do programa eleitoral do PSD diz que não percebe para que serve a taxa de 13% do IVA. O PS já veio reagir a esta entrevista dizendo que o partido laranja «deve parar o disfarce e a ilusão» de não querer subir impostos.

«É Catroga quem o afirma taxativamente e várias vezes: há que reestruturar o IVA», disse esta quarta-feira o porta-voz do PS Fernando Medina.

Nesta matéria, sobre se é suficiente o rearranjo dos escalões do IVA para compensar a perda de receita da TSU, o ex-ministro das Finanças disse na entrevista que «vamos discutir isso tecnicamente, mas há um potencial: a taxa intermédia do IVA».

Argumentando que «no meu tempo, havia apenas a taxa mínima e a máxima, tal como acontece na maior parte dos países» e que na discussão do Orçamento do Estado para 2011 «quisemos definir o cabaz básico, mas o PS não deixou», Catroga questionou: «A taxa intermédia serve para quê? Há aqui um grande potencial de aumento da receita». Outra hipótese avançada pelo ex-ministro é o aumento do IVA na electricidade que permite um encaixe de «cerca de 400 milhões de euros».

Este é um discurso oposto ao de Passos Coelho que ainda ontem afirmou, num debate com Jerónimo de Sousa, na TVI, que não está em causa a eliminação de qualquer taxa; apenas a reestruturação dos produtos.

Ora o PS, na reacção à entrevista de Catroga, diz que se torna «claro aquilo que foi uma tentativa, feita com insulto aos adversários políticos, de esconder um significativo aumento de impostos. Acabar com taxa intermédia do IVA colocará problemas sérios ao turismo por via da restauração».

Fernando Medina afirma que «o PSD deve parar disfarce e ilusão. É fácil fazer propostas aparentemente mágicas, muito mais difícil é falar com clareza de como se executam essas propostas».

Sócrates é «um mentiroso compulsivo»

Ainda ao «Público», Eduardo Catroga disse que o PS «quer ver-se livre de Sócrates, mas para isso precisa de perder eleições». O economista apontou o dedo ao líder socialista, chamando-o de «mentiroso compulsivo» que deixou o partido nesse dilema.

Para Catroga, Sócrates vive num mundo virtual e tem montada há seis anos uma poderosa máquina de propaganda.

Se o PSD for para o Governo, o ex-ministro das Finanças está disponível para voltar a ser responsável por esta pasta.