Portugueses perdem milhões com más escolhas bancárias - TVI

Portugueses perdem milhões com más escolhas bancárias

Poupança

Depósitos que não rendem quase nada e contas com custos elevados: portugueses nem sempre escolhem o melhor para o seu dinheiro, por inércia, comodismo ou medo da burocracia

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Os portugueses deixam de ganhar, todos os anos, 1.500 milhões de euros, por fazerem más escolhas quanto às contas e depósitos bancários onde colocam o seu dinheiro. Muitos ficam anos a fio no mesmo banco, mesmo estando a perder dinheiro, por puro comodismo ou porque existem entraves burocráticos.

A denúncia parte da Deco, que desafia os portugueses: «Movimente o seu dinheiro» é o nome da campanha lançada esta quarta-feira, e que pretende «mobilizar os consumidores contra a inércia na gestão das poupanças», alertando para melhores opções nas contas à ordem e depósi¬tos a prazo.

«A atual crise exige aos consumidores uma ainda melhor gestão do seu dinheiro. É preciso estar informado e ser mais ativo na relação com as instituições bancárias», explica a associação de defesa do consumidor. O mote da campanha é lutar contra a «fidelização cega com o banco».

A associação inquiriu cerca de 800 consumidores sobre a disponibilidade para mudar de banco. Cerca de 60% afirma¬ram nunca o ter feito, sendo que 15% nem sequer equacionaram essa hipótese. Excluindo a impossibilidade de mudar devido a produtos associados à conta, os principais argumentos para ficar são: burocracia, comissões elevadas, dificuldade em transferir autorizações de débito e falta de tempo.

«Cada consumidor é dono do seu dinheiro», lembra. Por isso, «se paga custos bancários ele¬vados ou tem baixos rendimentos nos depósitos a prazo, não precisa de mais motivos para mudar de banco».

E para encontrar melhores escolhas, basta estar atento: a Deco disponibiliza ferramentas no portal para ajudar a escolher a melhor conta à ordem e o depósito a prazo mais rentável. Pode ainda analisar o peso das despesas mensais face aos ren¬dimentos do agregado familiar para evitar desequilíbrios.

Entraves à mudança: taxas e burocracia

Mas, além dessa inação dos portugueses, persistem barreiras à mudança: por exemplo, eventuais custos associados à migração de autorizações de débitos ou de saldos de conta.

«Tem a certeza que deu o melhor destino ao seu dinhei¬ro?», questiona a Deco, esclarecendo que «no universo dos depositantes em Portugal, por exemplo, conclui-se que as perdas ascen¬dem a 1,5 mil milhões de euros anuais em más escolhas (a 1 de dezembro de 2011). Conside¬rando a melhor taxa líquida do mercado a 1 ano (4,3%), a perda líquida média por depósito é de 2,6%».

Também nas contas à ordem, «há consumidores presos ao banco habitual por mera fidelidade, quan¬do poderiam poupar 80,17 euros anuais face à média, ou até 280 euros se a sua conta for das mais caras, optando pela Escolha Acertada». Estes cálculos têm por base um saldo médio mensal de 250 euros, 12 transferências com NIB, 20 cheques cruzados e cartão de débito.

Deco pede legislação supervisionada pelo Banco de Portugal

A Deco defende a criação de legislação específica para a mobilidade bancária, assegurando que a mudança de banco é feita de forma simples, rápida e gratuita, com um único interlocutor em contacto com o consumidor. O pro¬cesso deveria ser supervisionado pelo Banco de Portugal, enquanto entidade reguladora, defende.

A campanha «Movimente o seu dinheiro» foi proposta pela organização mundial dos consumidores, à qual se junta-ram, entre outras, as organizações de consumidores de Portugal, Espa¬nha, França, Itália e Bélgica. O objetivo é sensibilizar o consumidor para a importância em defender os seus interesses económicos.
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