Novo Banco pede mais 598,3 milhões ao Fundo de Resolução - TVI

Novo Banco pede mais 598,3 milhões ao Fundo de Resolução

  • .
  • JGR
  • 26 mar 2021, 17:21

O objetivo é fazer face aos prejuízos de 1.329,3 milhões de euros esta sexta-feira reportados

O Novo Banco vai pedir mais 598,3 milhões de euros ao Fundo de Resolução ao abrigo do Mecanismo de Capital Contingente (MCC), para fazer face aos prejuízos de 1.329,3 milhões de euros esta sexta-feira reportados, relativos a 2020.

De acordo com o comunicado da apresentação de resultados esta sexta-feira divulgada, "em resultado das perdas dos ativos protegidos pelo CCA [MCC] e das exigências regulatórias de capital, o Novo Banco irá solicitar uma compensação de 598,3 milhões de euros", superior ao previsto na proposta de Orçamento do Estado.

Assim, "o valor total das compensações solicitadas entre 2017 e 2019 e a solicitar relativamente a 2020 totalizam 3,57 mil milhões de euros", sendo que o teto de transferências do acordo é de 3,89 mil milhões de euros.

A transferência de 476 milhões de euros prevista na proposta de Orçamento do Estado para o Fundo de Resolução, destinada a financiar o Novo Banco, acabou por ser chumbada no parlamento, mas o Governo já indicou que irá cumprir o contrato estabelecido aquando da venda da instituição financeira à Lone Star.

Nos resultados semestrais de 2020, o Novo Banco tinha estimado que o valor a pedir ao Fundo de Resolução relativo àquele período (em que registou prejuízos de 555 milhões de euros), seria de 176 milhões de euros.

Na venda, o Fundo de Resolução comprometeu-se a, até 2026, cobrir perdas com ativos ‘tóxicos’ com que o Novo Banco ficou do BES até 3.890 milhões de euros.

Desde 2017, o Fundo de Resolução já meteu 2.976 milhões de euros no banco, dos quais 2.130 milhões vindos de empréstimos do Tesouro (como o fundo não tem dinheiro suficiente, todos os anos pede dinheiro ao Estado, que devolverá em 30 anos).

No total, até ao momento, os custos do Fundo de Resolução com o Novo Banco já totalizam 7.876 milhões de euros (4.900 milhões de euros da capitalização inicial, em 2014, e 2.976 milhões ao abrigo do mecanismo contingente desde 2017) e mais encargos se poderão somar quer para o fundo quer diretamente para o Estado, muitos dos quais impossíveis de quantificar (indemnizações por processos em tribunal, pagamentos a credores do BES, garantias a lesados, entre outros).

Novo Banco com 40 mil clientes em moratórias

O Novo Banco tinha 40 mil clientes com créditos em moratória no final de 2020, num montante que ascende aos 6.900 milhões de euros, anunciou esta sexta-feira o presidente executivo António Ramalho.

O banco tem neste momento em moratória 27% do seu crédito a clientes, sendo que tem cerca de 6,9 mil milhões [de euros] em moratória, dos quais 40 mil clientes", disse aos jornalistas na conferência de imprensa de apresentação de resultados de 2020 (prejuízos de 1.329,3 milhões de euros).

António Ramalho disse que em 2020 "houve um processo de imparização das moratórias adequado, visando a constituição de provisões", que ascenderam a 268,8 milhões de euros, dos quais 250 milhões sobre o balanço recorrente e mais 18 sobre o legado do BES.

Mais tarde, em resposta aos jornalistas, classificou a questão das moratórias como sendo "seriamente complexa".

É inegável que isto coloca um risco sobre a estrutura da economia portuguesa. Negá-lo é o pior que poderíamos fazer. Enfrentá-lo passa por três movimentos específicos", disse.

Um dos movimentos é "analisar profundamente, através de sistemas de inquérito, análise e 'rating' aquilo que eram os efeitos que as moratórias poderiam ter", e determinar as imparidades correspondentes.

Outro, segundo António Ramalho, é ter "equipes que estejam a falar neste momento sobre as soluções adequadas a todos os elementos centrais da saída das moratórias".

Em terceiro lugar, o gestor disse que "as moratórias são um assunto para resolver já, não para adiar para setembro".

Não deixemos para setembro o que podemos fazer em março. Não deixemos para 2022 o que se pode fazer em 2021", salientou o presidente executivo, dizendo que "a banca não se faz por adiar problemas".

 

Eu acho que se não entendemos isto não entendemos nada", refere o líder do banco.

Continue a ler esta notícia