BCE surpreende e prolonga estímulos até dezembro de 2017 - TVI

BCE surpreende e prolonga estímulos até dezembro de 2017

Mario Draghi

Analistas antecipavam que programa de compra de ativos do Banco Central Europeu, que estava previsto terminar em março de 2017, fosse estendido só até setembro. Ainda assim, o ritmo mensal de compras vai abrandar a partir de abril. Mercados digerem

O Banco Central Europeu decidiu manter as taxas de juro de referência em 0% e surpreendeu ao anunciar que vai comprar 60 mil milhões de euros em dívida pública entre abril e dezembro do próximo ano. As bolsas estão a recuperar ainda mais depois do anúncio, sobretudo as praças dos países periféricos, como Portugal, que muito têm beneficiado destas compras do BCE que têm, ainda, a vantagem de permitir baixar as taxas cobradas pelos investidores no mercado para investirem na nossa dívida. 

Os analistas antecipavam que o programa de estímulos, que estava previsto terminar em março, fosse prolongado só até setembro. Afinal vai durar mais tempo, mas o rtimo mensal de compras vai abrandar a partir de abril.

Isto porque atualmente o BCE tem no orçamento 80 mil milhões de euros para gastar por mês até ao final de março de 2017, mas a partir do mês seguinte decidiu então reduzir a verba 60 mil milhões de euros mensais.

O BCE adiantou desde já, porém, que o prazo final de dezembro do próximo ano poderá ser ultrapassado “se for necessário e, em qualquer caso, até que o Conselho de Governadores considere um ajustamento sustentado no caminho da inflação, coerente com o seu objectivo de inflação”, lê-se em comunicado.

Já o facto, expectável, de ter mantido as taxas de juros inalteradas em mínimo históricos, tem como objetivo continuar a impulsionar a economia e a  inflação na zona euro.

Na prática, as taxas de juros praticadas pelo BCE com os bancos da Zona Euro continuarão em 0% para os empréstimos regulares à banca. Já para os depósitos que as instituições financeiras façam junto do supervisor a remuneração será de -0,4%.

Valores que estão para ficar. “O Conselho de Governadores continua prever que as taxas de juros principais do BCE permaneçam nos níveis actuais, ou mais baixos, por um período prolongado, e que ultrapassará o horizonte da compra de ativos líquidos”.

Mercados a digerir

A expectativa que o BCE prolongasse os estímulos já estava a ter impacto nos mercados. Por antecipação, as últimas sessões foram logo de recuperação considerável, apesar de esta ter sido uma semana crítica, a nível político, com a crise italiana.

A primeira reação às decisões do supervisor europeu está a ser positiva nas bolsas, com Milão a sustentar mais os ganhos para 1,3%, Madrid 1,1%, Lisboa 0,65%, Frankfurt 0,54% e Paris 0,43%. 

Os bancos italianos estão a disparar 5,7%, no nível mais alto desde junho, a beneficiar da promessa do BCE de comprar dívida italiana em caso de necessidade. A recuperação vem de há três dias, mas a escalada continua hoje.

O euro está no valor mais alto em seis meses face ao iène, tem a melhor valorização dos últimos dois em relação ao franco suíço. Também em relação ao dólar regista uma recuperação para o melhor nível em duas semanas.

No entanto, as Obrigações soberanas da zona euro estão a agravar-se, a denotar desilusão dos investidores com a quebra de ritmo das compras do BCE a partir de abril. Os juros da dívida portuguesa a 10 anos agravam sete pontos base para 3,53%, em Espanha a subida é de oito pontos para 1,50%. Na Alemanha, que serve de referência, mais ainda - uma subida de nove pontos base para 0,42%, máximos desde janeiro deste ano.

Resta agora esperar pelas declarações do presidente do BCE por volta das 13:30. Mario Draghi poderá enfatizar o risco abundante, incluindo as eleições em potencialmente quatro das cinco maiores economias da zona euro no próximo ano, para argumentar que a redução prematura da oferta de títulos poderia abortar uma recuperação que ainda tímida, desfazendo o impacto das compras.

Ainda assim, como grande parte do seu poder de fogo está esgotado, este abrandamento no valor a gastar pode ser considerado como um sinal simbólicode que um dia elas irão acabar. Uma coisa é certa: não será ainda em 2017.

 

 

 



   

          

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