Portugal só coloca 1.180 milhões e paga juros mais elevados - TVI

Portugal só coloca 1.180 milhões e paga juros mais elevados

IGCP tinha como objetivo colocar Obrigações do Tesouro de maturidade a 5 e 7 anos até 1.250 milhões de euros. Analistas dizem que correu bem. Esta foi a primeira emissão de dívida do ano, já que a anterior foi sindicada junto de vários bancos, ou seja, tinha colocação garantida

Portugal voltou hoje ao mercado e colocou 1.180 milhões de euros em Obrigações do Tesouro (OT) a 5 e 7 anos. Pagando um juro mais elevado nas duas maturidades. Mas, apesar do juros subirem e a colocação ficar abaixo do previsto, os analistas dizem que correu bem.

Na maturidade mais baixa (5 anos) a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública -IGCP colocou 630 milhões de euros, com uma taxa de juro de 2,753% face aos 2,1% pagos no leilão comparável de novembro. A oferta foi menor cobrido a procura em 1,5 vezes quando, no leilão anterior tinha sido coberta em 1,9 vezes.

Na maturidade a 7 anos a colocação chegou aos 550 milhões de OT e também aqui o juro subiu para 3,668% contra os 2,817% do leilão anterior comparável. Neste caso, a procura passou em 2,02 vezes a oferta. Mais que na emissão de setembro: 1,68 vezes.

Segundo Marisa Cabrita, gestora de ativos da Orey Financial, o crescimento das taxas já se antecipava. "Numa altura de aumento generalizado das yields, as yields exigidas no leilão de hoje foram superiores às observadas nos leilões anteriores comparáveis. No entanto, face às yields registadas nos últimos dias no mercado secundário, hoje assistiu-se a uma ligeira correção das mesmas", argumentou

O objetivo inicial era colocar até 1.250 milhões de euros nas duas maturidades, pelo que o valor ficou aquém. Mesmo assim a gestora de ativos da Orey Financial refere que, relativamente à procura, "esta manteve-se robusta com as yields observadas a atraírem os investidores que procuram retorno. O rácio bid to cover a linha a 7 anos inclusive subiu face ao último leilão".

A perceção dos investidores é de que lhes têm que dar mais para correrem o risco de ficar com dívida portuguesa. Não só porque continuam a persistir riscos consideráveis sobre a evolução da dívida portuguesa mas também porque a instabilidade internacional faz disparar a incerteza. Na maturidade mais considerada – a 10 anos – os juros da dívida tem estado acima dos 4% [agora 4,163%] há várias sessões.

As taxas subiram, mas não é surpresa. Desde final de janeiro que as taxas subiram, não só em Portugal, mas no resto da Europa, num movimento justificado por alguns sinais de inflação que levam os investidores, sobretudo nos prazos mais longos, a protegerem-se de uma eventual subida de juros do BCE este ano ou no próximo. As eleições em França e o aumento do risco político também em Itália também têm contribuído para a subida generalizada das taxas da dívida soberana europeia", diz Filipe Silva, diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa.

Para concluir que: "As taxas das emissões de hoje refletem esse movimento, mas mesmo assim ficaram em linha com o que está a ser feito no mercado secundário. Evidentemente subiram face às últimas emissões comparáveis. Tivemos uma procura muito razoável para um montante emitido que também ficou dentro das expectativas. As operações correram bem.”

Esta foi a primeira emissão de dívida do ano, já que a anterior, a 11 de janeiro, foi sindicada junto de vários bancos, ou seja, tinha colocação garantida.

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